O escritor, professor e encenador checo Jorge Listopad, radicado há várias décadas em Portugal, morreu no domingo aos 95 anos, em Lisboa, disse à Lusa a Escola Superior de Teatro e Cinema.

Poeta, cronista, encenador, Jorge Listopad nasceu em 1921, em Praga, onde se doutorou em Filosofia, mas vivia em Portugal desde a década de 1950, onde desenvolveu um prolífico percurso nas artes, da literatura ao teatro.

As mais recentes encenações do autor foram A instalação do medo, em 2014, no Teatro Municipal São Luiz, e Meu tio Jaguar, em 2012, no Teatro Nacional D. Maria II.

De acordo com a biografia disponível na página oficial do autor, Jorge Listopad perdeu a família durante a Segunda Guerra Mundial, perseguida pelo regime nazi de Hitler.

Chegou a pertencer à Resistência e viveu exilado em Paris, onde trabalhou, por exemplo, na Televisão Francesa.

Já em Portugal, viveu no Porto, onde foi um dos fundadores da RTP Porto e trabalhou como realizador de televisão. Mais tarde mudou-se para Lisboa para lecionar no Instituto Superior de Ciência Política.

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Colaborou com vários jornais portugueses e checos, presidiu à Comissão Instaladora da Escola Superior de Teatro e Cinema, codirigiu o Teatro Nacional D. Maria II e, em 1981, fundou e dirigiu o Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa.

Jorge Listopad, que faria 96 anos a 26 de novembro, encenou cerca de 60 peças de teatro e ópera e deixa cerca de 50 obras de prosa, poesia e ensaio, em checo, português e francês, nomeadamente Remington, Estreitamento progressivo, O jardim fecha às 18h30 e Fruta tocada por falta de jardineiro.

Em Portugal, Jorge Listopad teve um percurso premiado, nomeadamente pela Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e pela Presidência da República, que lhe atribuiu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

Jorge Listopad foi ainda agraciado com a Medalha Militar Checoslovaca da Resistência (1945) e nomeado Companheiro do Marechal Tito (1946), tendo sido distinguido também com o Prémio da Academia de Artes e Ciências de Praga, pelo conjunto da sua obra.

Recebeu igualmente o 1.º Prémio do Conselho Cultural de Estocolmo (1952), o 1.º Prémio da Rádio Europa Livre de Poesia (1954), a Medalha de Ouro do Prémio Europeu Franz Kafka (2000), a Medalha de Mérito Nacional da República Checa (2001), o Prémio Gratias Agit (Praga, 2004), o Prémio Jaroslav Seifert (Praga, 2007), pela e é doutor honoris causa pela Universidade de Brno (República Checa, 1992) e pela Universidade Carolinum, de Praga.