799kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

Getty Images

Getty Images

Digitalização da economia "não é opção, mas uma inevitabilidade"

De 'startups' a empresas tradicionais, o caminho para a competitividade passa pela digitalização, diz José Caldeira, presidente da Agência Nacional de Inovação. É a chave para crescer, diz a Europa.

Nasceu de uma revolução (tecnológica). A economia digital faz mexer o online e o offline e assumiu-se como uma das novas tendências – do consumo e do mercado de trabalho. Que o digam os recém-sucessos portugueses – da Farfetch, que vale mil milhões de dólares, à BestTables, que foi comprada pela norte-americana TripAdvisor ou à Unbabel, que recebeu 1,3 milhões de euros de investimento da Google Ventures, a empresa de capital de risco da Google. Todas startups. Todas com tecnologia portuguesa. Todas com um negócio que depende exclusivamente da internet.

Comprar roupa, comida ou eletrodomésticos, ver um filme, ouvir um podcast ou arrendar uma casa para as férias – são poucas as coisas que não se encontram à venda online. As diferentes plataformas em que é possível fazê-lo, potenciam o fenómeno: computadores, smartphones ou tablets, das mais variadas marcas. E a conveniência do sofá a aliar-se à possibilidade de à distância de um clique ter em casa o que está a ser comercializado em Inglaterra ou nos Estados Unidos.

Em 2020, estima-se que a percentagem de internauras que compra 'online' será de 50%, e que o comércio eletrónico atinja um volume superior a 90 mil milhões de euros
Estudo “Economia Digital”, promovido pela ACEPI e pelo IDC Portugal

E se hoje a economia da internet já está a fazer nascer novos negócios e a prender mais portugueses ao comércio eletrónico – em abril, a PayPal dava conta de que meio milhão de portugueses utiliza este sistema de pagamento para comprar online – as estimativas apontam para que, em 2020, o comércio eletrónico represente 54% do PIB e mais de 90 mil milhões de euros, de acordo com o estudo “Economia Digital” promovido pela ACEPI – Associação da Economia Digital e pelo IDC Portugal (International Data Corporation).

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em 2014, as conclusões preliminares do estudo davam conta de que existiam cerca de 7,5 milhões de internautas em Portugal – cerca de 70% da população – e as estimativas apontavam para que, em 2020, fossem cerca de 84%, cerca de 9 milhões de pessoas. Quanto ao comércio eletrónico, se em 2015 o estudo apontava para que 40% dos utilizadores da internet comprassem online – com um gasto superior a mil euros – , em 2020 será de 50%, com o comércio eletrónico a valer mais de 90 mil milhões de euros, segundo o estudo. O futuro passa cada vez mais pelo online? E se passa, traz consequências para as empresas? Traz, mas também traz oportunidades, explica José Caldeira, presidente da Agência Portuguesa de Inovação, ao Observador.

"O investimento em I&D e em vigilância tecnológica, as incertezas inerentes ao lançamento de novas áreas e negócios e ainda as exigências em termos de financiamento são alguns dos principais desafios das empresas"
José Caldeira, presidente da Agência Nacional de Inovação

Os desafios das empresas numa era em que a economia está de mãos dadas com as tecnologias digitais são vários. Por um lado, o investimento que é necessário em termos de Investigação & Desenvolvimento (I&D), por exemplo, quando o assunto são as novas áreas de negócio, explica José Caldeira. Já ouviu falar nos novos produtos impressos em três dimensões (3D) e em conceitos como o de “realidade virtual”, “big data” (grande volumes de dados), “cloud computing” (capacidade de computação em nuvem), “internet of things” (a internet das coisas, ou seja, que liga os equipamentos utilizados no dia a dia a redes de internet) ou robótica?

“Estando a falar de áreas emergentes e fortemente dependentes de novas tecnologias,  questões como o (significativo) investimento em I&D e em vigilância tecnológica, as  incertezas inerentes ao lançamento de novas áreas e negócios e ainda as exigências em  termos de financiamento são alguns dos principais desafios das empresas”, adianta José Caldeira.

Indústria do calçado é uma das empresas do setor tradicional que mais tem aproveitado novas tecnologias, segundo José Caldeira

PAULO NOVAIS/LUSA

Quanto aos setores mais tradicionais, o presidente da ANI adianta que também eles estão a beneficiar da nova era digital, inovando nos  produtos, serviços, processos ou modelos de negócio. E que há várias empresas que são disso exemplo. É o caso da Frezite, empresa de soluções para ferramentas de corte com aplicações nas indústrias de transformação da madeira, plásticos, materiais compósitos e metais. “Eles têm usado fortemente ferramentas digitais para permitir a produção de produtos altamente customizados”, explica.

Mas não são os únicos.” No setor do calçado, por exemplo, há muitas empresas que passaram para produções muito assentes em informação e comunicação eletrónica”, diz o especialista, que dá mais um exemplo: o setor dos vinhos, onde muitas adegas estão digitalizadas e são controladas por meios digitais. “Há muitos exemplos da penetração das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no setor tradicional. Temos empresas que já estão a usar as ferramentas das redes sociais para apresentar e validar produtos, por exemplo”, conta.

Vai haver uma“inevitável seleção natural” das empresas

A Comissão Europeia parece não ter dúvidas. A economia digital é “o driver mais importante da inovação, da competitividade e do crescimento no mundo. A chave para o crescimento dos negócios europeus está, precisamente, no quanto e quão rápido as empresas conseguirem incorporar as tecnologias digitais nas suas operações”, lê-se no site da Comissão.

José Caldeira tende a concordar. O especialista explica que em áreas como a comunicação, design, marketing ou vendas, já é possível ter uma noção da importância e do impacto da digitalização. E destaca os ganhos de eficiência que as empresas obtém quando simplificam, otimizam e automatizam os processos. Para o especialista, que vai estar a falar sobre o tema a 12 de junho, no âmbito da conferência “Admirável Mundo Novo”, promovida pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, as novas tecnologias de virtualização de produtos e processos estão a  permitir às empresas lançar novos produtos e serviços, de forma mais rápida e com  custos e riscos menores”, conta.

"Precisamos, igualmente, de apostar na requalificação e reconversão, quer de pessoas que estão nas empresas, quer de desempregados - jovens com formação superior noutras áreas e que não encontram emprego"
José Caldeira, presidente da Agência Nacional de Inovação

Mas, a que preço? Está o mercado de trabalho tal como conhecemos, em risco? “Deixe-­me responder de outra forma: haverá muitos mais empregos e carreiras em risco se não aproveitarmos as oportunidades geradas pela economia digital, quer nos setores gerados por ela, quer nos setores que dela podem tirar partido, como utilizadores”, explica José Caldeira, para quem a digitalização da economia vai acabar por gerar postos de trabalho mais qualificados. E acrescenta: “a digitalização não será uma opção, mas uma inevitabilidade.”

O problema, então, passa a ser outro: Portugal pode não ter profissionais de TIC suficientes para todos os novos postos de trabalho A Comissão Europeia estima que, em 2020, fiquem 15 mil vagas por preencher em Portugal no setor das TIC. Na União Europeia, estima que fiquem 913 mil vagas. José Caldeira adianta que é preciso atuar em diversas área: melhorar a atratividade das áreas, captar mais jovens para os cursos, criar novos e aumentar o número de vagas.

“Mas isso não chega. Precisamos, igualmente, de apostar na requalificação e reconversão, quer de pessoas que estão nas empresas, quer de desempregados – jovens com formação superior noutras áreas e que não encontram emprego. Se, para algumas áreas das TICE, são fundamentais conhecimentos sólidos  em ciências (matemática, física, etc.), para muitas outras, a formação necessária pode ser  dada a pessoas com formação noutros domínio. O que permite abrir novas oportunidades de emprego e ajuda a colmatar a falta de recursos humanos existente”, explica.

"É preciso informar, demonstrar e apoiar. Também temos que demonstrar as tecnologias e as soluções, respetivas vantagens e o impacto da sua aplicação"
José Caldeira, presidente da Agência Nacional de Inovação

Mas, para isso, também é preciso mudar mentalidades: informar e sensibilizar as pessoas para a importância da competitividade da economia digital e das novas TIC. “É preciso informar, demonstrar e apoiar. Também temos que demonstrar as tecnologias e as soluções, respetivas vantagens e o impacto da sua aplicação, sobretudo em ambientes reais”, diz o presidente da ANI.

Sobre a possibilidade de uma eventual bolha no setor tecnológico, mais propriamente na área das apps, José Caldeira diz que é natural que quando uma área de elevado potencial entra numa fase de expansão, surjam várias iniciativas empresariais. Mas acredita que o tempo e, sobretudo, o mercado encarregar-­se-­ão de efetuar “a inevitável seleção natural”. Por enquanto, há bons exemplos a reter e o mais mediático é o da Farfetch. Quem quer ser o próximo unicórnio (empresa que vale mil milhões de dólares) português?

 
Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ajude-nos a melhorar o Observador. Responda a este breve questionário. O seu feedback é essencial.

Responder

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Sem interesses.
Muito interessante.
Torne-se assinante e apoie o jornalismo independente
Assinar agora