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João Mário e Raphael Guerreiro jogaram a final do Euro sub21 em 2015
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João Mário e Raphael Guerreiro jogaram a final do Euro sub21 em 2015

Clive Mason/Getty Images

João Mário e Raphael Guerreiro jogaram a final do Euro sub21 em 2015

Clive Mason/Getty Images

Os miúdos da seleção: há futuro. Haverá caneco?

William, João Mário, Rafa e Guerreiro estiveram na final do Euro-2015 (sub21) e agora estão em França. O Observador analisou a evolução desde a vitória no Euro-2003 (sub17) até hoje. Futuro risonho?

Os bons jogadores e as gerações sedutoras são como as estrelas no céu: ora aparecem e encantam, ora desaparecem e deixam desgosto. Tudo começou com a epopeia de 1966, em Inglaterra. Vinte e dois homens abriram as portas do mundo para a seleção nacional, com aquele mágico terceiro lugar entre os tubarões. Portugal só voltaria a uma grande competição em 1984, naquela que foi a sua estreia em Europeus, caindo apenas na semi-final perante a França de Platini e companhia. Em 1986 uma geração jeitosa despenhou-se no México, no Campeonato do Mundo. O regresso estava agendado para 1996, novamente em Inglaterra, com alguns da Geração de Ouro (bicampeã mundial sub20 no início da década de 90) ao leme. Paulo Sousa, Rui Costa, João Pinto e Luís Figo? Uff

Até aqui já sabemos isto de cor e salteado. Portugal, quando entra, costuma portar-se bem. O futebol de sonho chegou em 2000, quando caiu novamente contra a França (agora de Zidane e companhia) nas “meias” do Europeu. Nunca mais esta seleção faltaria a uma fase final. Check, check, check entre 2000 e 2016. Com mais ou menos brilho, estiveram sempre lá, a envergar a camisola vermelho-sangue pelos relvados do mundo, pelos campos de batalha da Europa.

Os bons jogadores e as gerações sedutoras são como as estrelas no céu: ora aparecem e encantam, ora desaparecem e deixam desgosto. E, entre 2000 e 2016, tem sido uma boa viagem. Apetece lembrar Pep Guardiola, que quando foi apresentado no Camp Nou, em Barcelona, disse: “Apertem os cintos, que vão passar bem”. E passámos. Sempre com a lengalenga do “ai, ai, não há ponta de lança”. Será uma questão muito lusitana, como o fado ou o cozido à portuguesa. Mesmo com Domingos, Sá Pinto, Nuno Gomes, Pauleta e Postiga a vergar a mola durante duas décadas, a malta gosta de o dizer. Saudades dos matadores de 66? Ou dos Fernandos Gomes e Manuel Fernandes da vida? Ou inveja de quem tem Klinsmann, Shearer, Trezeguet, Suker, Van Basten, Klose, Fernando Torres e Lewandowski? Quem sabe…

O mais importante para as seleções jovens é formar jogadores, campeões e homens que estejam à altura do ADN da principal camisola do seu país. O legado tem ficado mais pesado, apesar das desilusões. As fornadas ditam, mais ou menos, o sucesso de um país. O futebol evoluiu e é complicado que um Maradona de uma seleção leve um país inteiro às costas. Vejamos Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, que trocam entre eles a Bola de Ouro desde 2008: quantos troféus pela seleção meteram no bolso? Zero. Bom, o argentino venceu os Jogos Olímpicos em 2008.

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Ou seja, nem tudo é talento e ousadia, nem tudo é preto no branco, e cada vez menos as coisas são resolvidas por um herói, por um qualquer Frank Borghi dos tempos modernos. As gerações têm peso no destino de um país. E isto é pura matemática: quantos mais jogadores jovens surgirem, mais hipóteses há de vencer no futuro. Os clubes têm e terão um papel decisivo neste investimento e aposta. Basta ler este artigo do The Guardian sobre a revolução do futebol da Alemanha após o desaire de 1998 para perceber o que se tem passado recentemente. Não há milagres, há estratégia.

Portugal foi campeão europeu de sub17 em 2003. Quantos desses jovens chegaram à seleção principal? Quatro. João Moutinho (2006-2016), Miguel Veloso (2008-2014), Paulo Machado (2014) e Vieirinha (2014-2016)

Por isto tudo, fizemos um apanhado do que se passou entre 2003, altura em que a geração jovem mais distante venceu uma grande competição e que ainda anda por aqui, e 2016. Falamos da geração de 86, que conquistou o Campeonato da Europa de sub17, em Viseu. Foi contra a Espanha de David Silva, Jurado e Adán. Márcio Sousa, um jovem prodígio que nunca chegaria à Primeira Divisão, foi o homem do jogo, com dois golos.

Pergunta para queijinho: quantos desses campeões europeus de 2003 conseguiram saltar para a seleção principal? Quatro. João Moutinho e Miguel Veloso foram os primeiros a aparecer, em no Euro-2008. Moutinho não falharia mais convocatórias para grandes competições, com exceção do Mundial-2010, enquanto Veloso participaria em todas, menos neste Euro-2016. Paulo Machado e Vieirinha surgiram numa grande competição, curiosamente, quase dez anos depois do feito de Viseu (2003-2014). Apenas Vieirinha repete a presença em 2016.

No verão de 2011, Portugal impressionou o mundo e deixou um cheirinho a início da década de 90, que deixou famosos os rapazes da Geração de Ouro. A equipa de Ilídio Vale deixou para trás Uruguai (0-0), Camarões (1-0) e Nova Zelândia (1-0) no Grupo B. No mata-mata seguiu-se a Guatemala (1-0), a Argentina (0-0; 5-4 em penáltis) e a França (2-0). Embora tenham sido recordadas as façanhas das equipas de Carlos Queiroz, 20 anos antes, esta seleção sub20 não tinha o mesmo talento. Tinha antes lucidez, coesão, solidariedade, camisolas suadas e acerto. Na frente, justiça seja feita, estava a alma: Nelson Oliveira. O avançado era possante e rápido, por isso permitia que a equipa defendesse mais atrás, sólida, menos permeável, e disparasse qual TGV para a frente. A final contra o Brasil só seria resolvida no prolongamento, e aí Nelson ficou sem pilhas. Já Oscar, o futuro jogador do Chelsea, foi rei.

Ora cá vamos outra vez: quantos desses chegaram ao pináculo do futebol nacional? Três. Nelson Oliveira, por toda a aura conquistada a pulso na Colômbia, mereceu a chamada para o Campeonato da Europa em 2012, um ano após o Mundial de sub20. Cédric e Danilo Pereira apenas tocariam o céu em 2016, para disputar o Europeu que estamos a viver. Nelson Oliveira desapareceu dos radares desde 2012.

The starting line-up of Portugal poses before their FIFA Under-20 World Cup semifinal football match against France at Atanasio Girardot stadium in Medellin, Colombia on Augst 17, 2011.(L to R top) Mika, Roderick, Pele, Nelson Oliveira, Danilo, Nuno Reis. (Below) Cedric, Sergio Oliveira, Julio Alves, Mario Rui, Alex. Portugal won by 2-0. AFP PHOTO/Raul ARBOLEDA (Photo credit should read RAUL ARBOLEDA/AFP/Getty Images)

Portugal vs. França nas meias-finais do Mundial de sub20, em 2011 (RAUL ARBOLEDA/AFP/Getty Images)

Em 2014 foi a vez dos sub19 conseguirem a mesma coisa, desta vez na Europa: vice-campeões. Hélio Sousa era o treinador de uma seleção que deixou pelo caminho Israel (3-0), Hungria (6-1), Áustria (2-1) e Sérvia (0-0; 4-3 em penáltis). Na hora H, qual fado lusitano indesmentível, os portugueses perderam a final para a Alemanha de Joshua Kimmich e Hany Mukhtar, que marcou o único golo e que assinaria depois pelo Benfica.

Dessa seleção ainda ninguém chegou às convocatórias de Fernando Santos. Bem, André Silva, que marcou cinco golos em cinco jogos nesse Europeu, terá estado a navegar no pensamento do selecionador nacional, mas Éder ganhou a corrida. O bis do avançado do FC Porto no Jamor foi já tarde de mais para ser levado tão a sério. É uma questão de tempo. Mas há outros jogadores que andam a dar nas vistas e que poderão sonhar, como Rony Lopes (Monaco), Rafa (de regresso ao FCP), Tomás Podstawski (FCP B) e Gelson Martins, que já participou em muitos jogos ao serviço do Sporting, em 2015/16.

Portugal's Bernardo Silva (R) and Sweden's Robin Quaison vie for the ball during the UEFA Under 21 European Championship 2015 final football match between Sweden and Portugal in Prague on June 30, 2015. Sweden won the match 4:3 after penalty shoot-out. AFP PHOTO / MICHAL CIZEK (Photo credit should read MICHAL CIZEK/AFP/Getty Images)

Bernardo Silva na final do Europeu-2015 (sub21) vs. Súecia (MICHAL CIZEK/AFP/Getty Images)

Em 2015, para o Campeonato da Europa de sub21, Rui Jorge montou uma equipa muuuuito interessante. O ex-lateral do Sporting e FC Porto inventou um conjunto de jogadores que era implacável, que marcava muitos golos, que jogava bem à bola que se fartava e que ganhava quase sempre. Quase.

Inglaterra (1-0), Itália (0-0) e Suécia (1-1) que o digam. O grupo era super-equilibrado, e complicado. Bastaram cinco pontos para conquistar o primeiro lugar. Nas meias-finais, atenção, nas meias-finais Portugal varreu a Alemanha com um cinco-zero histórico. Bernardo Silva, Ricardo Pereira, Ivan Cavaleiro, João Mário e Ricardo Horta escreveram a obra, que era claramente um bestseller.

Portugal's team players line up prior to the start of the UEFA Under 21 European Championship 2015 final football match between Sweden and Portugal in Prague on June 30, 2015. AFP PHOTO / MICHAL CIZEK (Photo credit should read MICHAL CIZEK/AFP/Getty Images)

Portugal vs. Suécia, a final do Euro-2015 de sub21 (MICHAL CIZEK/AFP/Getty Images)

Basta abrir a ficha do jogo da final para adivinhar o talento que emanava daquele balneário. Onze vs. Suécia (final): José Sá, Ricardo Pereira, Tiago Ilori, Paulo Oliveira, Ricardo Esgaio, William Carvalho, Bernardo Silva, João Mário, Sérgio Oliveira, Raphael Guerreiro e Ivan Cavaleiro. ‘Tá giro. E o banco? Daniel Fernandes, Bruno Varela, João Cancelo, Tobias Figueiredo, Frederico Venâncio, Rúben Neves, Tozé, Rafa, Ricardo Horta, Gonçalo Paciência, Carlos Mané e Iuri Medeiros.

Quantos destes já vimos a fazer mossa na Primeira Divisão? Não foram assim tão poucos e isso diz uma de duas coisas (ou as duas mesmo): ou os clubes estão mais conscientes das maravilhas da formação ou há menos dinheiro para investir no mercado. Os suecos ganharam a final em penáltis. Triste fado este.

Nesta história há dois casos interessantes e que invertem a lógica da coisa: William Carvalho e Rafa estiveram no Campeonato do Mundo de 2014, com os mais velhos. Em 2015 foram vice-campeões da Europa e em 2016 voltam à ribalta, com Cristiano Ronaldo e companhia. Esse Europeu sub21 catapultou a carreira internacional de alguém? Sim senhor. João Mário e Raphael Guerreiro estão em França, dois anos depois.

Se esquecermos as grandes competições, há vários jogadores que têm surgido em jogos de qualificação ou de caráter particular. Rúben Neves, Ivan Cavaleiro, Paulo Oliveira, Sérgio Oliveira e Ricardo Pereira são exemplo disso. Rúben Neves terá estado em cima da mesa para a convocatória para o Euro-2016, mas a época negativa do FCP e a quantidade de médios de qualidade no meio campo terão complicado a sua vida. Bernardo Silva, se não se tivesse lesionado antes do Europeu, porventura também estaria no lote de 23 de Fernando Santos. Depois, há também jogadores como João Cancelo e Mário Rui, que poderão aparecer nas convocatórias do nosso país a qualquer momento.

Não há como fugir: parece que estamos a viver uma boa fase, com vários jovens talentos a aparecer como cogumelos. Na atual seleção que está a jogar em França, contam-se nove jogadores com 25 anos ou menos. Há cinco sub23 (Raphael Guerreiro [22]), João Mário [22], André Gomes [22], Renato Sanches [18] e Rafa [23]), três com 24 anos (William Carvalho, Danilo Pereira e Cédric Soares) e um com 25 (Anthony Lopes). Ou seja, o hoje já olha para o amanhã.

Na atual seleção que está a jogar em França, contam-se nove jogadores com 25 anos ou menos. Há cinco sub23 (Raphael Guerreiro [22]), João Mário [22], André Gomes [22], Renato Sanches [18] e Rafa [23]), três com 24 anos (William Carvalho, Danilo Pereira e Cédric Soares) e um com 25 (Anthony Lopes)

E o amanhã dorme descansado com o amanhã. Calma, nós explicamos: a seleção sub17 voltou a ser campeã da Europa em 2016. Os meninos conduzidos por Hélio Sousa, o ex-capitão do Vitória de Setúbal, ganharam o Grupo A, à frente de Bélgica, Azerbaijão (equipa da casa) e Escócia. O cinco-zero à Áustria a seguir, nos quartos-de-final, fizeram levantar muitas sobrancelhas. O hat-trick de José Gomes, o Zé do Golo, confirmava o que se passava por ali: algo de muito sério. Na meia-final Portugal bateu a Holanda por 2-0 e esperava-lhe mais uma final, para imitar o que fizera noutras cinco ocasiões (1989, 1995, 1996, 2000 e 2003).

Antes do derradeiro jogo, o Observador falou com José Gomes, o avançado que marcara sete dos 14 golos da seleção naquele Europeu, que tem em Thierry Henry o seu ídolo. Ele estava confiante, com vontade de levantar voo, nunca esquecendo as raízes. Apesar das promessas de golos (na nossa cabeça), o avançado do Benfica ficou em branco. Quem marcou para Portugal foi Diogo Dalot, um lateral do FC Porto. A Espanha empatou depois, levando o jogo para penáltis. Quando já se temia o pior, porque o desfecho das finais não era bonito desde o Euro-2004, Portugal teve uma mente de aço e uma bota certeira e venceu (5-4). O caneco é nosso. E o futuro também…

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