Sente-se triste? Ou, melhor, alegre? O seu estado de espírito pode ser resultado do que acabou de ler no Facebook. Investigadores, um deles funcionário da própria empresa Facebook, andaram a vigiar as publicações de 600 mil utilizadores e a condicionar o feed de cada um deles. Fosse para transmitir apenas informações positivas, ou o contrário. E concluíram que o contágio emocional também ocorre via redes sociais. Não, não foi ilegal. Todos os utilizadores que se registam no Facebook aceitam, automaticamente, ser alvo de estudos, mesmo que secretamente.

O estudo foi este mês publicado no jornal PNAS, que reúne vários publicações da Academia Nacional de Ciências americana. Os três autores concluíram que os estados emocionais podem ser transferidos entre amigos, via redes sociais, sem que as pessoas se apercebam. A conclusão resultou depois de o próprio Facebook ter condicionado as publicações da rede a estados emocionais, alegres ou tristes. Percebendo que o utilizador, de seguida, manifestava um estado de humor semelhante.

“Os estados emocionais podem ser transferidos para os outros por contágio emocional, levando-os a sentir o mesmo”, lê-se no estudo, que revela que o contágio emocional já foi estudado e alvo de experiências que comprovam esta passagem de estados de humor.

“No Facebook é normal que as pessoas expressem emoções que são depois vistas pelos seus amigos através do Facebook pelo feed de notícias”, lê-se no estudo.

Mas nem tudo o que as dezenas ou centenas de amigos virtuais publicam aparece nesse feed. “O feed de notícias é determinado por um algoritmo gerado pelo ranking do feed”, explicam os investigadores. Logo, o que lhe aparece, são sempre informações relacionadas com o seus gostos ou com os amigos com mais interage. Por outro lado, uma publicação com muitos “gostos” passa sempre para o topo do feed. (o que explica porque é que às vezes tem uma publicação com muitos “gostos” e outras, parece que ninguém as viu).

Foi assim que o Facebook reduziu o número de publicações a positivas ou negativas, numa percentagem de 90% para 10%. Os investigadores ressalvam que estas publicações estiveram sempre disponíveis, no mural dos seus autores. E dizem ainda que, apesar do secretismo da experiência, quando o utilizador se regista no Facebook aceita ser alvo de estudos. São as cláusulas contratuais que ninguém lê.

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