O presidente da Guiné Equatorial está a usar a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para branquear imagem junto da comunidade internacional, denunciou esta quarta feira um ativista guineense exilado.
“É lamentável que a CPLP tenha tacitamente permitido deixar-se usar para lavar a imagem do mais antigo chefe de Estado do mundo, um autocrata que não respeita direitos humanos e governa uma das corruptas nações do mundo”, acusou Tutu Alicante, diretor da organização EG Justice, radicado nos EUA.
A entrada da Guiné Equatorial no bloco lusófono esta quarta feira aprovada, por consenso e sem votação, desacredita a CPLP como uma organização preocupada com a dignidade humana e a governação democrática.
“A não ser”, acrescentou o advogado em declarações à agência Lusa, “que seja uma organização ingénua ou ceda à ignorância voluntária”.
Tutu Alicante lamenta que a CPLP não tenha enviado uma delegação à Guiné Equatorial para recolher informação junto da sociedade civil, oposição e governo.
Acusou também os países lusófonos de terem ignorado os avisos não só da RG Justice, mas de outras organizações de defenda dos direitos humanos, como a Human Rights Watch e Amnistia Internacional e os alertas de corrupção, falta de transparência e desigualdade de entidades como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial.
“Isto é francamente lamentável e demonstra claramente o défice de liderança responsável da CPLP”, comentou.
A entrada da Guiné Equatorial – um dos maiores produtores de petróleo de África – como membro de pleno direito da CPLP, por consenso e sem votação, foi anunciada hoje em Díli, onde está a decorrer a décima cimeira de chefes de Estado e de governo dos países lusófonos.
A Guiné Equatorial é muito criticada pelas organizações não-governamentais internacionais por ignorar os direitos humanos e pelos seus altos níveis de corrupção no país, liderado pelo Presidente Teodoro Obiang desde 1979.
Integram agora a CPLP Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.