Portugal deverá conseguir diminuir a taxa de desemprego até 14,7% no final de 2015, mas, ainda assim, permanecerá com a terceira taxa mais elevada dos países da OCDE, depois da Grécia e de Espanha, segundo as perspetivas divulgadas nesta quarta-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento económico (OCDE). Em julho de 2014, a taxa de desemprego fixou-se nos 14%.

O desemprego tem vindo a cair, mas os salários também. Quase dois terços dos trabalhadores portugueses sofreram cortes reais nos vencimentos, em 2010. Entre o primeiro trimestre de 2009 e o último trimestre de 2013, os salários caíram 2,2% em Portugal, quando na média dos países da OCDE, subiram 0,2%.

Apesar de ser um bom indicador para a competitividade portuguesa, a OCDE adianta que a redução salarial causou dificuldades financeiras “consideráveis” às famílias, sobretudo às que obtêm menores rendimentos. E deixa o alerta: novos cortes podem ser contraproducentes.

As consequências das reduções salariais já se fizeram sentir na qualidade do trabalho: uma elevada proporção de trabalhadores adiantou ter condições de trabalho difíceis e stressantes, que combinam a pressão e a dificuldade das tarefas com recursos e apoios insuficientes. De acordo com a OCDE, Portugal tem um desempenho “pobre” no que diz respeito à quantidade e qualidade dos empregos disponíveis.

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Apesar dos sinais de melhoria, Portugal continua a ser um dos países onde a taxa de desemprego de longa duração é mais elevada. Os jovens são os mais afetados, com um em cada três no desemprego, o dobro do que se verifica na média da OCDE. Em Portugal, a taxa de desemprego juvenil fixa-se nos 34,7%, quando na média da OCDE se fixa em 14,9%. Outro dado destacado pelo organismo internacional é a proporção de jovens que não trabalha nem estuda, que continua a cerca de dois pontos percentuais do nível alcançado em 2007.

Os contratos temporários dominam o mercado de trabalho em Portugal: 21,4% dos empregados está contratado a termo fixo, quando a média na OCDE se fixa nos 12,9%. Dentro dos contratados a termo em Portugal, 56,9% são jovens.

Estes indicadores podem ter um impacto adverso na equidade e eficiência dos trabalhadores, que enfrentam níveis mais elevados de insegurança, diz a OCDE. Apesar de algumas das reformas mais recentes terem trazido mais proteção no emprego a quem está contratado permanente ou temporariamente, a OCDE considera que ainda é possível fazer mais.

Taxa de desemprego deverá descer na OCDE

A OCDE estima que se mantenha a ligeira tendência de redução da taxa de desemprego, observada desde 2012, embora Portugal permaneça longe dos níveis pré-crise registados em 2007-08, quando a taxa de desemprego era de 8,6%. Contudo, entre o último trimestre de 2013 e igual período de 2015, o desemprego em Portugal deverá diminuir 0,7 pontos percentuais.

Entre o final de 2013 e o de 2015, o desemprego na Grécia deverá diminuir de 27,3% para 26,7%, enquanto em Espanha recuará de 26,1% para 23,9%.

Na média dos países da OCDE, a taxa de desemprego irá igualmente recuar dos 7,7% observados no último trimestre de 2013 para 7,4% em 2014 e 7,1% em 2015. Já na média dos países da zona euro, a taxa de desemprego deverá recuar de 11,8% de finais de 2013 para 11,7% em 2014 e 11,2% em 2015.

A recuperação do mercado laboral, de acordo com o relatório da OCDE permanecerá assim ainda lenta em 2015 na generalidade dos países e bem acima dos níveis pré-crise. Atualmente, a organização estima que cerca de 45 milhões de pessoas estejam fora do mercado de trabalho nos países que compõem a OCDE, mais 12,1 milhões do que antes da crise.