O ex-ministro adjunto e ex-vice-presidente do BCP, Armando Vara, disse esta sexta-feira estar “em choque” com a decisão do Tribunal de Aveiro de o condenar a cinco anos de cadeia por tráfico de influência, no âmbito do processo Face Oculta.

“Estou em choque, confesso. E a sensação que me fica é que a sentença não é sobre as acusações, não é sobre o que estava em causa. Eu acho que tem muito a ver com a minha circunstância”, disse o antigo governante.

Questionado pelos jornalistas presentes no Tribunal de Aveiro sobre o que queria dizer com a sua “circunstância” e se esta estava relacionada com ter sido ministro, Armando Vara não quis explicar, dizendo apenas que não era “apenas isso”.

Artur Marques, advogado de Manuel Godinho, condenado a 17 anos e seis meses de prisão efetiva, não se mostrou minimamente surpreendido com a decisão do tribunal: “Se há coisa em que esta decisão me parece coerente é com aquilo que era previsível no decurso do julgamento”.

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O advogado do empresário de sucatas apontou a condenação de todos os arguidos, “num processo desta dimensão, com este número de arguidos, não há uma única absolvição, isso é sintomático”, e sublinhou que o facto de a pena de Manuel Godinho ter sido superior ao pedido pela acusação também já era expectável:

“Nunca tive dúvidas que a pena aplicada seria superior à pedida pelo Ministério Público”. Artur Marques revelou que “obviamente” que vai interpor recurso da decisão.

Paulo Penedos, também condenado, foi bastante comedido nos comentários, começando mesmo por dizer que preferia não comentar a decisão, “não é hoje o dia para prestar qualquer declaração.” Mas depois, o advogado e filho de José Penedos, outro dos condenados, acabou por dizer que não concorda com o que o tribunal decidiu: “Sou advogado, respeito a justiça. Respeito, embora não concorde.“

Paulo Penedos foi condenado a 4 anos de prisão efetiva. Estava acusado de um crime de tráfico de influência.

Já o advogado de Paulo Penedos, Ricardo Sá Fernandes, admitiu que não estava à espera da aplicação de pena de prisão efetiva e garantiu que vai avançar com um recurso para tentar inverter a situação.

“Nós respeitaremos a decisão. Não estamos de acordo, vamos interpor recurso e vamos aguardar o resultado do recurso”, disse à saída do Tribunal de Aveiro, optando por sublinhar que esta “não é uma decisão definitiva”, “que não possa ser modificada”.

O representante de José Penedos, Rui Patrício, afirmou após a decisão que o tribunal proferiu uma decisão “profundamente errada” e garantiu que irá apresentar recurso.

“Estou desapontado. Cinco anos para mim neste processo é o mesmo que cinco dias. Qualquer condenação seria muito. Como sabem, foi isso que defendi neste processo, mantenho a minha convicção, vamos agora para a fase seguinte”, disse ainda o advogado.