O Governo da Somália anunciou, neste sábado, estar a preparar-se para represálias por parte dos radicais islâmicos face ao ataque aéreo dos Estados Unidos, que matou o líder dos Shebab somalis, Ahmed Abdi Godane.

Depois da confirmação pelos Estados Unidos, na sexta-feira, da morte de um dos mais procurados líderes terroristas no mundo, o grupo radical islâmico que reivindicou dezenas de atentados nos últimos anos – incluindo o de setembro do ano passado, em Nairobi, que matou 70 pessoas – não fez ainda qualquer comentário, mas o Governo da Somália espera que a morte de Godane seja um ponto de viragem e propôs uma amnistia para estes crimes.

“Os serviços de segurança receberam relatos de que o grupo al-Shabaab está a planear ataques desesperados contra as instalações de saúde, centros educacionais e outras estruturas públicas”, disse o ministro da Segurança Nacional, Kalif Ahmed Ereg. “As forças de segurança estão prontas para combater os ataques e apelamos ao público para ajudar as forças de segurança a lidar com estes atos de violência”, acrescentou.

O Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, enviou hoje aos EUA os “sinceros agradecimentos” pelo ataque que matou este líder terrorista. “Queremos dar aos Estados Unidos, e aos seus soldados, os nossos sinceros agradecimentos por terem posto fim à carreira de Godane, feita de morte e destruição, e queremos agora finalmente começar o processo de cura”, disse o chefe de Estado num comunicado citado pela AFP.

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Os EUA reivindicaram na sexta-feira a morte do chefe dos Shebab somalis, uma organização integrante da rede da Al-Qaida, através de um ataque aéreo na Somália, o que o Presidente deste país africano já agradeceu.

O Pentágono confirmou que Ahmed Abdi Godane morreu na operação realizada na segunda-feira, na qual foram disparados mísseis Hellfire, por aviões tripulados e não tripulados (drones), e bombas guiadas por laser para uma reunião de comandantes dos Shebab. “O governo somali agradece ao governo [norte-]americano e aos membros das forças de segurança somalis que participaram na operação”, declarou em comunicado o Presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud, que adiantou que nenhum dos visados sobreviveu.

Godane tinha-se vangloriado pelo ataque ao centro comercial Westgate, em Nairobi, que causou 67 vítimas, entre clientes, funcionários e pessoal de segurança.

Em declarações no País de Gales, depois da cimeira da NATO, o Presidente norte-americano, Barack Obama, aproveitou o caso para definir o seu esforço para combater outro grupo muçulmano extremista, o Estado Islâmico, após várias críticas à sua estratégia antiterrorista. “Vamos degradar e derrotar [o Estado Islâmico], da mesma forma que fomos atrás da Al-Qaida, da mesma forma que estamos a ir atrás da filial da Al-Qaeda na Somália”, acrescentou.

O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que a eliminação de Godane representava “uma importante perda operacional e simbólica para a principal filial da Al-Qaida em África e resultou de anos de trabalho esforçado dos profissionais [norte-americanos] dos serviços de informação, militares e juristas”.

Godane, 37 anos, que treinou no Afeganistão com os talibãs, assumiu a liderança do grupo somali em 2008, depois de um míssil norte-americano ter matado o seu antecessor, Adan Hashi Ayro.