Barack Obama apresentou à nação americana um plano de ataque ao Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria através de um discurso televisivo de 13 minutos. E foi um discurso claro. Começou por clarificar os termos: o EI “não é islâmico, e certamente não é um estado”, recordando que nasceu das cinzas da Al-Qaida e que se aproveitou da crise de liderança nos países do Médio Oriente, e acabou a afirmar que é tempo de ir atrás dos jihadistas sunistas.

“Deixei claro que vamos derrubar os terroristas que ameacem o nosso país, quaisquer que eles sejam”, disse. “Isso significa que não irei hesitar em agir contra o Estado Islâmico na Síria, assim como no Iraque. Este é o principal lema do meu mandato: se ameaçam a América, não vão ter paz”.

“O EI é uma ameaça ao Médio Oriente e se os deixarmos em paz serão uma ameaça a outros países, incluindo os Estados Unidos.” Por isso anunciou que “os EUA vão enfrentá-los com força e empenho” através de “uma vasta coligação para atacar os interesses do EI”. Mesmo sem clarificar quem está incluído nessa coligação internacional, apressou-se a definir a sua ação em quatro pontos:

1º Conduzir uma vasta campanha de ataques aéreos, enquanto o exército iraquiano ataca os combatentes fundamentalistas no terreno. Obama realçou que este ataque será feito sem respeito pelas fronteiras definidas, mostrando-se pronto a atacar em território sírio;

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2º Esta estratégia inclui envio de tropas (mais 475 soldados, fazendo um total de 1.700), mas não tropas a participar no combate. Aqui, Obama foi claro a tranquilizar os americanos: os 475 militares que vão chegar ao Iraque não terão participação no combate, indo apenas treinar, fornecer informações militares e equipamento. Por isso pede ao congresso apoio, autoridade e recursos para combater de forma mais decisiva o EI.

3º Continuar a investir em medidas de contraterrorismo: melhorar as defesas, contrariar o poder transnacional e os interesses do EI, reforçar os serviços de espionagem e apostar na coligação internacional. Obama afirmou que irá chefiar uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir este problema de forma clara.

“O nosso objetivo é claro: vamos degradar e destruir o Estado Islâmico através de uma estratégia compreensiva e sustentada de contraterrorismo”, disse.

Proteger os civis que se arriscam a ser vítimas do EI no terreno, através das medidas militares claras que evitem situações como a da minoria cristã que foi acossada no mês passado.

 

Obama terminou com um apelo à ação, recordando as efemérides que se aproximam: o 13º aniversário do 11 de setembro e o 6º da crise económica que devassou a economia. Depois reforçou a “imensa força” e terminou reafirmando o chavão conhecido: “A América está do lado da liberdade”.

Ficaram por responder duas grandes questões: quem são os participantes desta “vasta coligação internacional” e como vão ser conduzidos os ataques na Síria se não há qualquer coordenação com as autoridades de Damasco. Nas próximas horas as respostas deverão ser mais claras.

 

Nota: Assim que possível será aqui colocada a tradução integral do discurso de Barack Obama.