Stacey Addison, uma veterinária norte-americana de 41 anos, está detida em Timor-Leste desde 5 de setembro sem qualquer tipo de acusação formal, sem ter sido sequer interrogada pelo Ministério Público e depois de lhe terem retirado o passaporte.

Quando a mulher entrou no país, através da fronteira com a Indonésia, partilhou um táxi com um estranho em direção à capital, Díli. O seu colega de viagem, que não tinha qualquer relação com Addison, pediu para parar num escritório onde foi buscar um pacote que continha, alegadamente, metanfetaminas. O veículo foi depois parado pela polícia timorense que, ao descobrir a droga no carro, prendeu os dois passageiros e o condutor, segundo a própria relatou na página do Facebook Help Stacey.

Na altura da detenção, Addson Stacey não tinha qualquer cadastro criminal. Além disso, o seu computador pessoal foi investigado e considerado livre de suspeita, assim como todos os medicamentos que trazia. Os testes à urina para a deteção de drogas revelaram-se negativos. Também a despiram à procura de drogas no seu corpo – não encontraram nada. Mesmo o estranho com quem partilhou o táxi garantiu às autoridades que não a conhecia antes daquela viagem.

Ainda assim, Addison passou cinco dias na prisão, até ser libertada a 9 de setembro. Saiu em liberdade condicional, mas retiraram-lhe o passaporte – ou seja, podia viajar dentro do país, mas estava proibida de abandonar Timor-Leste.

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A norte-americana contratou o advogado timorense Paulo Remédios para ajudar na sua defesa, que interpôs um recurso para recuperar o passaporte da veterinária. Não só foi negado esse pedido como, durante todo o processo, Addison nunca foi interrogada pelos promotores do Ministério Público de Timor-Leste.

“Estou a tentar manter-me ocupada e manter a ansiedade sob controle, mas a incerteza está sempre lá, no fundo da mente – a roer qualquer tentativa de paz de espírito. Não imaginaria que ia passar desta forma a viagem da minha vida. Espero que [o processo] acabe em breve”, escreveu Stacey Adisson a 18 de outubro na página do Facebook Help Stacey.

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Foto retirada da página de Facebook Help Stacey

No meio deste impasse, a investigação parou repentinamente: a 27 de outubro o promotor do caso foi despedido, sem que outro fosse nomeado para o seu lugar – pertencia ao grupo de magistrados e de conselheiros legais estrangeiros que receberam ordem de expulsão de Timor-Leste.

Dois dias depois, a 29 de outubro, Stacey Adisson foi ao tribunal pedir uma cópia do documento que indeferia o seu recurso para reaver o passaporte e descobriu que tinha um mandado de captura em seu nome. Foi detida no local, sem que, mais uma vez, fosse dada qualquer explicação e sem que fosse feita nenhuma acusação formal. Nunca foi interrogada pelo Ministério Público.

A prisão de Stacey Adisson não só contraria as leis daquele país, como também atenta contra a Lei Internacional de Direitos Humanos, como explica o seu advogado à Fox News. No entanto, a verdade é que a norte-americana continua encarcerada na prisão feminina de Gleno, situada próximo da capital de Timor-Leste, onde partilha a cela com outras mulheres, inclusive com uma mãe timorense e a sua criança recém-nascida. São 15 dias atrás das grades, 15 dias sem uma única explicação e sem conhecer novos desenvolvimentos do caso.

“Estamos a tentar descobrir se um novo procurador foi nomeado, mas não conseguimos obter uma resposta do tribunal” (…) Eles [Addison e a família] estão em pânico”, revelou o advogado da norte-americana, Paulo Remédios, à Fox News.

O Congresso norte-americano está a encetar esforços para resolver o estranho caso da prisão de Stacey Adisson no plano diplomático. O porta-voz do Partido Democrata revelou àquele órgão de comunicação social que o “senador Jeff Merkley e a sua equipa vão continuar a fazer tudo ao seu alcance para assistir Adisson e a sua família durante esta terrível situação”.

Ao mesmo tempo, Stacey Adisson, cuja página de Facebook já atingiu os 11.800 gostos, e os seus representantes estão a pressionar o Governo norte-americano para que intervenha no processo e para que nomeie um embaixador norte-americano em Timor-Leste – os Estados Unidos não têm representação diplomática ao mais alto nível no país asiático há cerca de um ano – com a esperança de que uma figura com ligações sólidas com o Executivo de Obama possa chegar até às autoridades timorenses e resolver o processo.