O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Vítor Bento, sustenta a decisão do banco de comprar as obrigações colocadas junto de terceiros para assegurar o respeito das expectativas, explícitas ou implícitas, de liquidez e reembolso dos clientes que as compraram. Em direito de resposta a uma notícia do Observador, o gestor sublinha que o BES quando prosseguiu a recompra de obrigações estava a seguir recomendações ou determinações da CMVM (Comissão de Mercado de Valores Mobiliários). Foi por isso mesmo, conclui, que “os prejuízos potenciais implícitos em tais obrigações na posse dos clientes foram totalmente provisionados nas contas de 30 de julho, por exigência dos auditores”.

O Observador noticiou quinta-feira uma ata da reunião do Banco de Portugal, de 30 de julho, em que se descreve que a recompra desta obrigações se realizou nos primeiros 22 dias de julho, o que coincide com um período de nove dias em que Vítor Bento já tinha assumido a presidência executiva do BES.

As operações subjacentes a estas recompras, e que provocaram centenas de milhões de euros de prejuízos no BES, estão a ser investigadas pelo Banco de Portugal e terão sido também um dos alvos das diligências judiciais que levaram a buscas realizadas esta quinta-feira em vários escritórios do antigo BES e residências de ex-administradores. O reconhecimento das perdas resultantes da recompra das obrigações foram o principal fator surpresa que fez disparar os prejuízos semestrais, precipitando a sua resolução.

Vítor Bento sublinha que a auditoria que detetou este problema foi pedida pela comissão executiva a que presidia depois de se aperceber que qualquer coisa de “estranho” se passava com estas obrigações. Destaca que as operações sob suspeita já tinham sido realizadas quando assumiu funções. Os problemas estavam associados à venda a terceiros e posterior colocação em clientes dessas obrigações, prática anterior à recompra. Lembra ainda que a sua gestão deu ordens para travar imediatamente as operações intermediadas pela Eurofin, sociedade financeira suíça que foi intermediária destas transações.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O direito de resposta de Vítor Bento

A notícia intitulada “Operações suspeitas só pararam mais de uma semana depois de Vítor Bento chegar ao BES” contém alguns erros factuais que agradecia fossem corrigidos. A começar pelo título.

A começar pelo título.
A essência do erro reside no facto de a vossa notícia confundir, ou não ter percebido, o que está em jogo no assunto tratado. Assim, as “operações suspeitas” ou “ruinosas” não são as relativas à compra das obrigações pelo banco. Estas compras destinaram-se, e destinam-se – pois, segundo me apercebi de notícias vindas recentemente a público, elas parece que vão, depois de alguma interrupção, voltar a ser compradas pelo Novo Banco – a proteger a franchise do banco, respeitando as expectativas, explícitas ou implícitas, de liquidez e reembolso dos clientes que as compraram e seguindo, aliás, recomendações ou determinações da CMVM. Foi por isso mesmo que os prejuízos potenciais implícitos em tais obrigações na posse dos clientes foram totalmente provisionados nas contas de 30 de Junho, por exigência dos auditores, como está referido no ponto 1.5 do comunicado sobre as contas do semestre.

As “operações suspeitas” ou “ruinosas” estão associadas à venda a terceiros e posterior recolocação em clientes dessas obrigações, operações que já tinham sido realizadas antes da entrada dos novos administradores. Foi o processo destas operações que foi identificado, entre outras diligências, pela auditoria da PwC, ordenada de imediato pela Comissão Executiva assim que tomou conhecimento de que qualquer de estranho se passava com as obrigações que estavam a ser recompradas, e a que o vosso artigo faz referência, mas como se esta auditoria tivesse nascido de geração espontânea.

Da mesma forma que foi a Comissão Executiva, assim que se apercebeu que algo estranho se passava com as operações e a sua ligação à Eurofin, que ordenou a imediata cessação da utilização deste intermediário em transacções o banco.

Não tem, pois, qualquer fundamento, a insinuação implicada no titulo da notícia.