Em 1928, Gordon Parks, um dos mais célebres fotógrafos afro-americanos, saiu de Fort Scott, no Kansas, para ir viver com uma irmã mais velha no Minnesota. Para trás, deixou aquilo que acreditava ser “a meca da intolerância”, como refere a Time. Quase vinte anos depois, regressou à sua terra natal para reencontrar tudo aquilo que tinha deixado para trás — os antigos colegas de escola e a segregação racial de que tentou fugir.

Enviado pela revista LIFE para documentar o impacto da segregação, Parks descobriu que quase todos os seus antigos colegas se tinham mudado para norte. O fotógrafo apercebeu-se então que a verdadeira história não era a segregação em si, mas a Grande Migração, um grande movimento migratório que ocorreu nos Estados Unidos da América durante mais de 50 anos. Entre em 1910 e 1970, cerca de cinco milhões de afro-americanos migraram do sul para o norte do país em busca de melhores oportunidades de trabalhado. O destino eram os grandes centros urbanos, onde se encontravam as grandes indústrias. No meio desses cinco milhões, encontravam-se grande parte dos antigos colegas de Parks.

O fotógrafo partiu então à procura desses colegas. E encontrou-os, espalhados um pouco por todo o noroeste do país. Retratou-os vestidos com o melhor fato de domingo, a jogar snooker ou simplesmente a desfrutar uma tarde de verão. Como lembra o Guardian, as fotografias que tirou são mais do que o relato do dia-a-dia — mostram uma vida de dificuldades e de busca por novas oportunidades, desafiando o preconceito e o racismo.

As fotografias, encomendadas pela LIFE, nunca chegaram a ser publicadas. Mas agora, mais de 60 anos depois, foram finalmente expostas ao público no Boston’s Museum of Fine Arts, nos Estados Unidos da América. Uma das fotografias pertence ao museu, mas as restantes foram reunidas por Karen Haas com a ajuda da Gordons Park Foudation. A exposição, “Gordon Parks: Back to Fort Scott” pode ser visitada até 13 de setembro de 2015.

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