A eurodeputada Ana Gomes afirmou na sexta-feira que as “politicas erradas” na Europa têm contribuído para que jovens se sintam atraídos para redes terroristas, considerando que Portugal é um país “vulnerável”.

Ana Gomes esteve presente no debate sobre a “integração e convivência com o Islamismo na Europa”, que decorreu no Seixal, numa iniciativa organizada pelo PS local.

“Este é um problema europeu, não podemos fingir que vem de fora. Temos dado motivos para que muitos jovens não tenham enquadramento de vida, valores e oportunidades. É um problema que tem a ver com as políticas erradas que criam condições para que mais jovens se sintam atraídos por redes terroristas”, defendeu.

Ana Gomes referiu que existem muitas comunidades europeias que são muçulmanas e explicou que é necessário ter os líderes muçulmanos ao lado para explicar que o Islão não apela ao terrorismo.

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“Precisamos dos líderes muçulmanos connosco, para dizer aos jovens da Europa que estão com raiva que o Islão não evoca o terrorismo. É errado falar em terrorismo islâmico, porque no caso do IRA também não se falou em terrorismo católico. Estas redes evocam o Islão, mas mais de 60% das suas vítimas são muçulmanos”, frisou.

A eurodeputada socialista lembrou que o que aconteceu em França foram “crimes hediondos” mas cometidos por três indivíduos europeus e que nasceram em França.

“Em Portugal somos vulneráveis, porque é fácil fazer uma coisa destas no nosso país”, disse.

Ana Gomes lembrou que “os 12 portugueses em redes terroristas não eram muçulmanos” e que se converteram a uma “vertente falsa do islão para cometer crimes”.

O sheik David Munir, presidente da Comunidade Islâmica em Portugal, também esteve presente e salientou que é preciso ser aceite que os muçulmanos que estão a viver na Europa também são europeus, condenando a formação de “guetos ou bairros para afastar as pessoas”.

“Marginalizar é o pior erro, temos que incluir em vez de excluir. Há muita ignorância sobre o Islão e assim até os muçulmanos são mais fáceis de manipular, porque não conhecem. O que muitas vezes acontece em países muçulmanos não tem a ver com o Islão”, considerou.

O sheik David Munir referiu que em Portugal a comunidade está integrada, mas ainda são muitas vezes vítimas de vários comentários.

“Em Portugal, não temos esse problema da marginalização, mas algumas vezes somos vítimas dos ignorantes. A comunidade está integrada em Portugal e sabe reagir a provocações”, concluiu, partilhando algumas histórias com os presentes.