O BCE anunciou, na semana passada, uma decisão de compra mensal de 60.000 milhões de euros de dívida pública e privada a partir de março e até, pelo menos, setembro de 2016 (num total de 1,14 biliões de euros), uma medida justificada pela entidade com o persistente nível de inflação muito baixo verificado na zona euro.
“O ‘quantitative easing’ europeu pode piorar a depreciação das moedas de vários países, aumentando ainda mais as incertezas relativamente aos fluxos de capital transfronteiriços”, disse, em conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério do Comércio chinês, Shen Danyang, garantindo que vão “monitorizar de perto” a situação.
Embora as medidas venham a tornar as exportações europeias mais baratas e talvez ajudar a impulsionar a confiança nos mercados e o crescimento na zona euro a curto prazo, permanecem incertos os efeitos que terá a longo prazo, acrescentou.
“Não é ainda claro se a médio/longo prazo o ‘quantitative easing’ poderá impedir a economia da zona euro de escorregar para uma estagnação a longo prazo e concretizar uma recuperação e crescimento amplos”, disse o porta-voz chinês.
A União Europeia é o maior parceiro comercial da China, figurando como a principal fonte das importações de Pequim e o segundo maior mercado para as suas exportações.
Shen Danyang afirmou que o impacto do estímulo no comércio bilateral vai ser, ao mesmo tempo, “bom e mau”, uma vez que vai “empurrar o euro para uma maior desvalorização, o que provavelmente levará as empresas chinesas a aumentarem as importações e a baixaram os seus custos de investimento na Europa”.
Contudo, “ao mesmo tempo, o enfraquecimento do euro vai afetar as exportações das empresas chinesas e o atual investimento das firmas chinesas na Europa vai também deparar-se com os riscos de sofrer prejuízos”, argumentou.
O volume do comércio bilateral entre a China e a UE aumentou 9,9% para 615,1 mil milhões de dólares em 2014, face ao ano anterior, de acordo com dados oficiais chineses.