Manuel Fernando Espírito Santo Silva, ex-chairman da Rioforte e representante do ramo Galvão Moniz no Conselho Superior do GES, diz que “nunca” recebeu qualquer valor do “negócio de aquisição dos submarinos” e que, em vez disso, recebeu sim “uma retribuição extraordinária” em 2004 devido às avultadas receitas do grupo. Ainda sobre a carta que terá assinado em conjunto com os primos a propósito dessa mesma retribuição especial e que foi pedida pelos deputados socialistas com assento na comissão de inquérito ao BES, Manuel Fernando diz que não se lembra onde está, alegando que poderá ter sido apreendida nas buscas aos seus escritórios.

Numa missiva em resposta ao pedido da comissão de inquérito para remeter aos deputados uma carta assinada por si e por outros quatro primos sobre retribuições especiais recebidas em 2004, Manuel Fernando Espírito Santo Silva – que falou desta carta quando foi ouvido no Parlamento a 16 de dezembro – alega que “não tem ou não encontra” cópia da mesma. O ex-chairman da Rioforte alega ainda que a sua cópia pode ter sido apreendida nas buscas realizadas em 2014 aos escritórios do GES.

Na resposta do membro da família Espírito Santo a que o Observador teve acesso, Manuel Fernando Espírito Santo Silva diz que “nunca” recebeu dinheiro do negócio dos submarinos e que a “retribuição extraordinária” que recebeu nesse ano se ficou a dever a “receitas extraordinárias auferidas por empresas do Grupo”. O ex-chairman considera ainda que a retribuição “pareceu justa” devido ao papel que os membros do Conselho Superior desempenhavam há mais de 20 anos e que até aí nunca tinham recebido “qualquer benefício” por fazerem parte daquele órgão.

Na sua audição em dezembro, Manuel Fernando Espírito Santo Silva tinha admitido ter recebido uma retribuição especial, “a título dos ganhos obtidos nos contratos dos submarinos”, apesar de não ter tido qualquer intervenção no processo – um montante de cerca de um milhão de euros pagos através da Escom. Na mesma ocasião, disse ainda que os cinco membros do Conselho Superior, tal como já tinha sido divulgado nas escutas publicadas pelo jornal i, teriam escrito em 2013 uma carta a justificar esta retribuição. “Foi uma carta que foi dirigida aos novos membros do conselho superior, onde falamos sobre a necessidade de coesão do grupo e onde falamos dessa operação, em que o conselho superior tinha recebido uma retribuição a título especial em 2004 ou 2005, mas que tinha sido a única”, afirmou então.

Manuel Fernando Espírito Santo Silva insiste na resposta adicional à comissão de inquérito recebida esta semana que “nunca” escreveu qualquer carta e que se limitou a assinar a missiva descrita acima com os restantes membros do Conselho Superior.

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