Os separatistas pró-russos na Ucrânia ameaçaram nesta sexta-feira expandir a sua ofensiva caso fracassem as negociações de paz com Kiev, que não decorreram hoje, como estava previsto, embora devam ser retomadas sábado. “Se as negociações fracassarem e houver repressão sobre as localidades das duas repúblicas, reservamo-nos o direito de continuar a ofensiva até à libertação total das regiões de Donetsk e Lugansk”, refere um comunicado conjunto das autoproclamadas repúblicas rebeldes.

Os enviados separatistas que assinaram este texto tinham dito, ao início do dia, que as conversações com Kiev – planeadas para Minsk na presença de representantes da Rússia e da OSCE – haviam sido “canceladas”, ameaçando abandonar a capital bielorrussa. Porém, o ex-Presidente ucraniano Leonid Kuchma, que representa Kiev nas negociações, declarou, mais tarde, que a Ucrânia esperava assinar uma nova trégua no sábado, em Minsk.

Quanto ao porta-voz da diplomacia ucraniana, Evguen Perebyïnis, declarou que a Ucrânia insistia em ter em Minsk os líderes das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, Alexander Zakharchenko e Igor Plotnitski, que assinaram o acordo de paz em setembro, em lugar dos seus emissários.

De acordo com o mesmo comunicado, a autoproclamada República Popular de Donetsk diz-se preparada para “retirar o armamento pesado” para a distância prevista no primeiro acordo de paz, assinado em Minsk em setembro, “se a Ucrânia fizer o mesmo” e acrescenta que “ainda falta definir uma data para o cessar-fogo”.

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Entretanto, numa conversa por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel, o Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, salientou a necessidade de alcançar “um cessar-fogo imediato”. A violência atingiu níveis críticos nas últimas horas na região de Donetsk, onde pelo menos 24 pessoas, incluindo 19 civis, morreram, num dos piores episódios desde o início do conflito que, em nove meses, já causou 5.000 mortos.

Em Debaltseve, voluntários têm tentado evacuar a população, mas parte desta, refugiada em locais subterrâneos, não está a par dos esforços que procuram salvá-la dos bombardeamentos, havendo já meios de comunicação que comparam a situação nesta cidade da região de Donetsk ao sucedido em Ilovaisk, na mesma província, onde rebeldes cercaram as tropas ucranianas e mais de 100 soldados morreram.

Na quinta-feira, a União Europeia agravou sanções contra a Rússia, acusada de armar os separatistas, o que Moscovo nega. Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE decidiram prorrogar por seis meses as sanções adotadas em março contra os separatistas, tendo ainda adicionado nomes a uma lista negra de 132 pessoas sujeitas ao congelamento de bens e à proibição de viajar na UE.

Em reação, Moscovo disse hoje que era “tempo de a UE refletir sobre a sua (política) de confrontação”, em que a aplicação de sanções “não leva a nada e apenas prejudica as pessoas e as economias dos países”.