O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reiterou este sábado que Portugal vai cumprir o objetivo do défice para 2015 e que o Governo tem sido “prudente nas previsões”, apesar das dúvidas do FMI conhecidas na sexta-feira.
Recordando que o défice das administrações públicas em 2014 desceu mais do que o antecipado pelo Governo, em cerca de 650 milhões de euros, Pedro Passos Coelho considerou que o país parte já “com algum avanço” para cumprir a meta de défice este ano.
“Para quem tinha alguma dúvida sobre a nossa capacidade para ficar, em 2015, dentro do objetivo que foi anunciado, ou seja, abaixo dos 3%, fica mais fácil nesta altura acreditar que isso vai ser possível”, afirmou o chefe de Governo, à margem de uma visita à Associação Empresarial do Baixo Ave (AEBA), na Trofa, concelho do distrito do Porto.
Na sexta-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou o relatório sobre a primeira avaliação pós-programa de assistência português, afirmando que Portugal tem “pouca margem” em termos orçamentais e que, sem mais medidas de consolidação tanto em 2015 como nos próximos anos, “é esperado que o défice projetado difira dos compromissos assumidos” pelo Governo.
No Orçamento do Estado para 2015, o Governo antecipa um défice de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB), estimativa que é considerada demasiado otimista pelo FMI, que prevê, desde novembro, que o défice orçamental seja de 3,4% do PIB no final deste ano.
No relatório de sexta-feira, o FMI apresenta estimativas para os próximos quatro anos, antecipando que o défice orçamental se vá reduzindo progressivamente, chegando aos 3% apenas em 2017 e caindo para os 2,8% no ano seguinte e para os 2,6% em 2019.
Horas de o documento ter sido divulgado, o primeiro-ministro disse no parlamento que o FMI aponta para “uma realidade que não existe”, da dúvida do cumprimento de objetivos pelo executivo que já estão a ser alcançados, o que levou o antigo chefe da missão do FMI em Portugal, Subir Lall, a afirmar que a equipa “continua muito confortável com a visão colocada no relatório”.
Questionado hoje sobre o relatório, Passos Coelho afirmou que quis mostrar “mesmo àqueles que são mais céticos” que o Governo “tem sido prudente nas previsões” e que “está a conseguir cumprir as metas e os objetivos”.