Os militares do Sudão violaram pelo menos 221 mulheres e crianças em apenas 36 horas, em Tabit, no Darfur do Norte. A denúncia consta de um relatório da organização Human Rights Watch (HRW), divulgado esta quarta-feira, e remonta ao final do ano passado.
A HRW relata 27 casos de violação na primeira pessoa, nalguns casos por vários homens, e diz ter obtido “informação credível” sobre outros 194 incidentes. Durante os três dias de ataques organizados em Tabit, entre 30 de outubro e 1 de novembro, os militares sudaneses entraram em várias casas para roubar, espancar os homens e violar as mulheres e crianças. O relatório revela ainda que dois desertores disseram à organização que os seus superiores lhes tinham dado ordens para ‘violar mulheres'”.
“O ataque a Tabit e a violação em massa de mulheres e raparigas representa uma nova escalada no catálogo de atrocidades no Darfur”, disse Daniel Bekele, o director para África da HRW.
As primeiras notícias a denunciar estas atrocidades surgiram em novembro, por uma rádio holandesa, mas as autoridades do Sudão rejeitaram as acusações e impediram que observadores internacionais entrassem em Tabit. Mais tarde, a 9 de novembro, foi dado às forças da paz “um breve acesso” à localidade, mas estas “foram impedidas de levar a cabo uma investigação credível”, revela a organização com sede em Nova Iorque.
A Human Right Watch acabou por conseguir falar ao telefone com 50 residentes e antigos residentes, entrevistar membros do Governo, pessoas da missão humanitária das Nações Unidas/União Africana e com pessoas no local, que monitorizam os direitos humanos.
A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Nova Iorque, pediu às Nações Unidas e à União Africana para tomarem “medidas urgentes” para proteger os civis da cidade de mais abusos, bem como uma investigação internacional ao que poderá ser considerado “crime contra a humanidade”.
O conflito no Darfur iniciou-se, oficialmente, em fevereiro de 2003, com o ataque de grupos rebeldes do Darfur a postos do governo sudanês na região.