Mais vale tarde que nunca. É assim que os socialistas olham para as declarações do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker que reconheceu que a troika “pecou contra a dignidade” de portugueses, gregos e irlandeses. Para João Galamba, as declarações do responsável europeu são “positivas, mas tardias”, mas mais que isso, diz, mostram que “Portugal foi humilhado”.
“[As declarações de Juncker] parecem indiciar que a atual União Europeia (UE) tem consciência do facto, isso é positivo. Torna-me mais otimista sobre as negociações que estão agora em curso com a Grécia e é uma excelente oportunidade para a Europa fazer finalmente um diagnóstico sobre a estratégia implementada nos últimos anos”, disse o deputado socialista, em declarações à agência Lusa. Já no Parlamento aos jornalistas acrescentou que “são declarações da maior importância abrem espaço que a Europa faça um diagnóstico correto do que foi a estratégia de austeridade”.
Nas vésperas do debate quinzenal, em que os socialistas vão questionar Passos Coelho sobre a mudança de posição do presidente da Comissão Europeia – que foi apoiado pelo Governo português -, o socialista quis ainda deixar críticas ao Governo dizendo que Portugal “foi usado indignamente como troféu da austeridade” no encontro em Berlim que aconteceu esta quarta-feira entre Maria Luís Albuquerque e Wolfganf Schäuble. Disse Galamba que o Governo foi “submisso em Berlim” e que “prestar-se a ser um pin na lapela do ministro das finanças alemão Schäuble é a demonstração que temos um governo português que não defende os interesses nacionais e está do lado errado da história”.
Além do tiro à ministra das Finanças, o secretário-nacional do PS disse ainda que as declarações de Juncker mostram ainda que durante os três anos em que esteve nas reuniões das entidades europeias, Passos Coelho “nada fez e muito provavelmente deve ter alinhado entusiasticamente com essa humilhação a Portugal”.
Mais do que a crítica formal – Juncker admitiu que a troika não tinha legitimidade democrática – o deputado e dirigente socialista vê esta posição como uma crítica ao conteúdo, e por isso espera “que se mude alguma coisa e ressarcir esses países de alguma maneira”.
“Não resolveu o problema da dívida, agravou a crise, criou problemas sociais gravíssimos que, no caso grego, atingiram um nível tal que podemos quase falar numa crise humanitária”, sustentou.