Para um português, já é um gesto normal pedir um café e um pastel de nata ou apenas pedir um pastel de nata porque sim, porque apetece. Mas basta andar na rua para ver o encanto dos turistas quando provam a iguaria. Numa ida aos Pastéis de Belém é raro o vidro para a cozinha não ter ninguém a espreitar. Julian Baggini, um jornalista inglês em Portugal, explica a sua experiência com este doce de pastelaria portuguesa e acrescenta que nada no Reino Unido se lhe pode comparar.

Parece um cliché, mas aconteceu ao jornalista do Guardian. A passear por Lisboa enquanto ouve fado ,”a música que expressa os lamentos e as dores das pessoas comuns”, fala nos pastéis de nata disponíveis “em qualquer esquina” e que, segundo o próprio, é um doce que “inspira paixão”.

Julian acrescenta que não se consegue lembrar de nada semelhante em Inglaterra. E aproveita ainda para contar a história dos Pastéis de Belém “um negócio familiar que faz pastéis desde 1837 e que vende 50.000 doces por dia na alta temporada”. Para o jornalista, não há dúvidas que a casa-mãe dos pastéis faz os melhores e o segredo está na massa “ligeiramente salgada e extremamente crocante e leve” e que depois é cozida a 400º.

Mas se em Inglaterra não há nada do género, haverá pelo menos alguma coisa parecida? O jornalista diz que sim, mas também portugueses e também pastéis de nata. Cozinhados por uma portuguesa e que alguns dizem ser “melhores que os de Belém”. Em Londres, o segredo está no creme que a cozinheira não revela a ninguém. Mas também ingleses se aventuram na criação desta iguaria que, aparentemente, até já existe no país desde os tempos medievais.

“O que é nacional é bom” parece ser uma frase que só faz sentido se dita por portugueses. Julian limpa as armas, carrega o cartucho e dá início à guerra: “Consegue a versão britânica ser melhor que a portuguesa?” Não. Tem menos sabor, menos texturas e nada dá “vida” ao pastel como “a canela portuguesa”. Além disso, a mão caseira tem uma importância fundamental, uma vez que os que ali existem são produzidos em massa.

Mas há uma inglesa que sai vitoriosa, Laura Hart, que através da receita original inglesa consegue “um creme extremamente macio, um recheio cremoso ligeiramente queimado no topo, semelhante às variações portuguesas e numa crocante caixa”.

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