Os ministros dos Negócios Estrangeiros do Líbano e de Portugal debateram, em Lisboa, a necessidade de uma resposta concertada da comunidade internacional à ameaça terrorista.

Gebran Bassil destacou a importância da existência de minorias no Médio Oriente, ao abordar a perseguição às minorias cristãs.

“Se não existirem minorias no Médio Oriente, não existirão minorias na Europa. A ideia de coexistência e aceitação do outro desaparecerá e viveremos num mundo em que o confronto será a única forma de diálogo entre civilizações e religiões”, declarou.

Este futuro “é contrário ao modelo único do Líbano, onde as pessoas vivem juntas e partilham o poder”, disse.

“Ao preservarmos o modelo libanês, podemos preservar a ideia de coexistência em todos os lugares”, acrescentou.

Rui Machete destacou que os riscos de segurança para o Líbano “são agora de outra dimensão e requerem uma resposta concertada da comunidade internacional para contrariar, veementemente e sem reservas, a mensagem xenófoba e radical de organizações terroristas”, como o grupo extremista Estado Islâmico (EI), entre outros.

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“Do ponto de vista humanitário, o Líbano está a fazer um esforço muito grande em termos de acolhimento dos refugiados”, que Portugal apoia, “fundamentalmente através da UE” e da ONU.

O ministro português afirmou a importância da reforma da política de vizinhança europeia, debatida numa reunião informal, na segunda-feira, em Barcelona (nordeste de Espanha).

Os chefes da diplomacia da UE e de oito países da margem sul do Mediterrâneo – Argélia, Palestina, Tunísia, Líbano, Marrocos, Egito, Jordânia e Israel – debateram o reforço da política de relações e cooperação entre as duas margens.

Rui Machete destacou o trabalho desenvolvido pelo Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, com sede em Lisboa, na educação e formação dos jovens e na promoção do papel da mulher como forma de melhor contrariar a “mensagem de ódio que o EI veicula facilmente pela Internet” e a “visão de sociedade preconizada pelos movimentos radicais”.

“Dada a relevância deste trabalho, incentivei o Líbano a estudar a adesão ao Centro” Norte-Sul, disse Machete.

Em termos bilaterais, os dois responsáveis defenderam o fortalecimento do relacionamento económico, sobretudo na área da energia, na qual se destaca o potencial de produção dos países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Espero que o Líbano possa ser uma fonte de energia, no futuro, para a Península” Ibérica, disse o ministro libanês.

“Falámos também da cooperação em termos da língua portuguesa e da cooperação académica”, referiu Machete, sublinhando a importante diáspora libanesa no Brasil, de quase oito milhões de libaneses.

“Portugal e o Líbano mantêm uma relação económica pouco significativa que importa fortalecer rapidamente e há várias oportunidades para isso”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.

Os dois responsáveis debateram ainda a possibilidade de abertura de embaixadas nos respetivos países.