A Galp vai ficar mais exposta ao valor do Brent, ou seja, à cotação do petróleo, admitiu esta segunda-feira o novo presidente executivo da petrolífera. Carlos Gomes da Silva sublinhou o foco a 100% do plano de investimentos na exploração e produção de petróleo e gás natural.

Nesse sentido, a empresa irá ficar mais exposta ao sobe e desce do petróleo, o que penalizou a Galp na recente desvalorização das cotações, mas trouxe ganhos num passado recente. Os resultados do primeiro trimestre só estabilizarão face ao ano passado devido ao aumento da produção que quase neutralizou a descida do preço do petróleo. Mas no futuro, a Galp vai-se aproximar do padrão de resultados e valores das grandes petrolíferas, o que já é visível na evolução das ações em bolsa, realça Gomes da Silva.

O sucessor de Ferreira de Oliveira não “antecipa alterações estratégica relevante” na empresa, lembrando que a gestão está “comprometida a executar a nossa base de ativos”. O gestor sublinha que a Galp já está exposta a fatores que não controla como as margens de refinação.

Ainda assim, a gestão tem de procurar os recursos e deixar um quadro de ativos de qualidade que vão permitir à empresa desenvolver-se depois de 2020 ou 2025. É isso significa analisar outras geografias e eventualmente outros recursos. É preciso ” reconstruir o modelo para os dez anos que se seguem”.

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No curto prazo, a Galp vai estar atenta e analisar oportunidades que surjam de compra de ativos não maduros, designadamente no Brasil, na sequência de eventuais desinvestimentos na Petrobras. “É no Brasil que está todo o crescimento, é lá que temos parcerias, é lá que nos sentimos bem”.

Mas por mais que os responsáveis da Galp coloquem em segundo plano o mercado português, que pesa menos de metade nas contas da empresa, a contestação a recentes decisões politicas, em especial à contribuição extraordinária sobre a energia, é um tema incontornável.

Lucro ainda não reflete taxa sobre contratos de gás

“Concordando ou não, tem havido um princípio de cumprir o estabelecido”, realçou Gomes da Silva a propósito dos vários contenciosos jurídicos que a empresa ou associação do setor preparam contra decisões do governo. No entanto, as contas da Galp ainda não refletem o impacto negativo do alargamento da contribuição aos contratos de gás natural, uma medida que vai custar 150 milhões à empresa (50 milhões por ano), para permitir baixar o preço do gás.

A contribuição já foi aprovada no parlamento, mas ainda não está regulamentada. A Galp deveria pagar 50 milhões em maio mas já anunciou que vai impugnar. O governo legislou no sentido de cativar o produto desta contribuição nos proveitos futuros de gás natural.

A empresa lucrou 121 milhões de euros no primeiro trimestre de 2015. As contas incluem apenas a provisão para a taxa sobre a refinação e os ativos regulados do gás no valor de 10 milhões de euros.

Sobre a intenção da maioria PSD/CDS de manter a contribuição sobre a energia por mais dois anos, o presidente da Galp destaca a taxa sobre a refinação, um setor exposto à concorrência internacional e onde foi feito um elevado investimento. Cada encargo adicional compromete a sustentabilidade a prazo desta atividade, assinala.