Morreu esta terça-feira aos 72 anos Inês Etienne Romeu, a única sobrevivente do centro de torturas conhecido como “Casa da Morte” em Petrópolis (perto do Rio de Janeiro), no Brasil. O centro operou na década de 70 ao serviço do regime militar brasileiro e servia para interrogar opositores durante a ditadura de 1964 a 1985, escreve a BBC.

Inês foi admirada pela sua coragem. O seu depoimento à Comissão de Verdade do Brasil, formada em 2012 e que investigou as violações dos direitos humanos durante a ditadura, foi crucial para expor os abusos cometidos pelo regime militar.

A resistente foi submetida a duas semanas de tortura, tendo resistido às provocações de um dos seus torturadores para que se suicidasse. Num dos episódios, foi levada para uma estrada onde alegadamente a tentaram atirar para a frente de um dos carros que passavam. Contudo, Inês conseguiu agarrar-se à perna de um dos torturadores e terá começado a gritar para chamar a atenção dos transeuntes.

Após ter sido libertada foi entregue à sua irmã pesando apenas 32 quilos. Inês Romeu foi na altura condenada e cumpriu uma pena de 8 anos numa prisão estatal até à Amnistia de 1979. Passou vários anos a relatar e denunciar os crimes cometidos durante o regime de 1964-1985. O testemunho da resistente permitiu conhecer o nome de vários torturadores e foi essencial na identificação do médico que ajudou a manter vivas as vítimas para prolongar o seu sofrimento.

Entre 1964 e 1985 mais de 400 pessoas foram mortas ou desapareceram no Brasil.

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