A votação do controverso Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento entre a União Europeia e os Estados Unidos da América (TTIP), agendada para esta quarta-feira, foi adiada por tempo indeterminado. A decisão foi tomada por Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, depois de se terem registado divisões internas na bancada dos Socialistas e Democratas (S&D).

Na comunicação oficial, feita esta tarde na sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo, pode ler-se que o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, decidiu tomar essa decisão depois de ter sido apresentadas mais de 200 alterações ao diploma e vários pedidos de votação por partes. O texto da resolução será agora enviado de volta à comissão parlamentar de comércio internacional. Mas, e apesar do adiamento da votação, mantém-se para quarta-feira de manhã o debate do relatório da autoria do socialista alemão Bernd Lange.

Christofer Fjellner, eurodeputado do Partido Popular Europeu, já veio a público criticar a posição assumida pelos socialistas e democratas no Parlamento Europeu, como conta o blogue Politico. “É um embaraço completo. Eles arruinaram de tal forma a resolução que tiveram de recorrer a Schulz, com a sua extraordinária autoridade, para alterarem a agenda já definida em plenário. Nos meus 11 anos nesta casa, não me consigo lembrar de algo semelhante ter acontecido”, acusou o eurodeputado.

Já Bernd Lange, presidente da comissão parlamentar de comércio internacional e eurodeputado socialista, disse aceitar a decisão de Martin Schulz e garantiu que o grupo parlamentar está “pronto para votar e para lutar pela resolução nos termos que respeitem os nossos valores”.

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Como Observador explicou, o TTIP visa baixar ou eliminar as taxas pagas pela exportação e importação de produtos provenientes dos dois lados do Atlânticos, equiparando os padrões de qualidade e produção atualmente existentes entre os EUA e os 28 países da União Europeia, facilitando, assim, os fluxos de comércio entre as duas economias mais ricas do mundo, criando um mercado de 800 milhões de consumidores.

O acordo tem como objetivo, ainda, afinar as regras de investimento entre os EUA e a União Europeia e permitir a empresas dos dois blocos que concorram a concursos públicos em pé de igualdade com as empresas nacionais, tal como permitir a empresas que se instalem do outro lado do Atlântico que levem pessoal altamente especializado não ter que passar por longos processos de aprovação de vistos.

Mas o TTIP tem estado envolvido em controvérsia desde que os primeiros detalhes do acordo foram sendo conhecidos. A Plataforma Stop TTIP, que tem como objetivo travar as negociações do acordo de comércio livre entre a UE e os EUA, já conta com mais de dois milhões de assinaturas de cidadãos europeus de 14 países.

A organização contesta o TTIP por considerar que terá impactos negativos importantes sobre os trabalhadores e cidadãos europeus, afirmando que porá em causa direitos laborais, segurança alimentar e contribuirá para a desregulação financeira, entre outras críticas. Também a falta de transparência das negociações tem sido fortemente contestada.