“Já estamos. Muito obrigado. Agora, todos e todas somos presidentes da câmara.” Foi assim que Manuela Carmena, ex-juíza de 71 anos, reagiu no Twitter logo após ter sido confirmada pela assembleia municipal de Madrid como a próxima autarca da capital espanhola. Carmena recebeu os votos favoráveis do Ahora Madrid e do Partido Socialista Obrero Español (PSOE).

Esta é a primeira vez em 24 anos que a Câmara de Madrid sai das mãos do Partido Popular (PP), do primeiro-ministro Rajoy. E, mais relevante ainda, é o facto de esta ser a primeira vez que a câmara da capital espanhola é assumida por um partido que não o PP ou o PSOE.

Está assim confirmado aquele que é uma das conquistas mais importantes do Podemos, que apoiou o Ahora Madrid e Manuela Carmena, que foi eleita para cabeça de lista deste movimento político depois de um processo de eleições primárias onde venceu com 63,4% dos votos. Depois disso, o programa do Ahora Madrid foi discutido e aprovado no seu site através de um processo de votação online.

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O Ahora Madrid nem foi o vencedor das eleições de 24 de maio, dia em que todos os municípios de Espanha foram a votos, tal como a maior parte das regiões autónomas. A força política que surgiu em primeiro lugar na capital espanhola foi, como é prática desde 1991, o Partido Popular. Só que desta vez, o resultado obtido pelo partido do primeiro-ministro Mariano Rajoy (34,5% dos votos e 21 deputados) não foi suficiente para garantir uma maioria absoluta na assembleia municipal, que tem ao todo 57 assentos.

Logo a seguir, surgiu o Ahora Madrid, com 31,8% dos votos e 20 deputados, menos um do que o PP. Só que a estes 20 passaram a somar-se outros nove, referentes aos socialistas do PSOE, que ficaram em terceiro lugar com 15,3%. Ao fim de quase três semanas depois das eleições, o PSOE e o Ahora Madrid chegaram a um acordo em que ficou acertado que os socialistas iriam aprovar a nomeação de Manuela Carmena enquanto presidente da câmara de Madrid. Os números são mesmo à justa – juntos, os dois partidos somam 29 deputados. Ou seja, o mínimo necessário para uma maioria naquela assembleia.

O caso de Madrid repete-se por outras cidades espanholas. Segundo o El País, “quatro das dez mais [cidades] populosas (Madrid, Barcelona, Saragoça e Valência, com 6,2 milhões de habitantes) passaram para as mãos de candidaturas da esquerda alternativa”.