O preço médio de exportação dos vinhos portugueses aumentou e já duplicou o dos espanhóis, uma aposta que o presidente da Viniportugal quer reforçar, defendendo que os “euros que entram são mais importantes do que os litros que saem”.

Para o presidente da associação responsável pela promoção externa dos vinhos portugueses, Jorge Monteiro, o que interessa é a valorização do produto.

“Não nos interessa exportar mais volume, interessa-nos exportar mais valor e Portugal está a gerar mais receita, fazendo crescer o preço médio. Portugal não se deve preocupar com o volume de produção, deve-se preocupar com uma maior valorização do produto e colocá-lo nos mercados a preços superiores, no fundo acrescentar-lhes valor. Interessa-nos mais os euros que entram no país do que os litros que saem”, declarou à Lusa.

A cidade francesa de Bordéus será, a partir de hoje e até quinta-feira, mais uma montra para a promoção dos vinhos nacionais a partir da Vinexpo, um dos principais certames mundiais dedicados ao setor e que conta com a presença de cerca de 90 empresas portuguesas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“É um grande momento para as empresas portuguesas onde estarão muitos potenciais compradores não só de França, mas também de outros países da Europa. Quem não aparece, esquece”, disse o responsável da Viniportugal, destacando a importância de marcar presença neste tipo de eventos.

Jorge Monteiro sublinhou que este é “um negócio muito competitivo” e que é importante não perder posições de mercado, especialmente face a novos países produtores como a África do Sul, o Chile ou a Argentina que “têm de ser acompanhados muito de perto”, mais até do que produtores tradicionais como Espanha ou Itália que vendem também vinhos a granel, a preços mais baixos.

O presidente da Viniportugal explicou que o aumento do preço médio do vinho português reflete o reconhecimento internacional do produto, mas também o facto de serem exportados cada vez mais vinhos engarrafados na origem e menos a granel.

“Portugal exporta apenas 5% de vinho a granel. Espanha exporta muito mais do que nós, a um preço médio de 1,14 euros por litro, enquanto Portugal exportou a um preço médio de 2,50 euros”, comentou.

Salientando que Portugal apresenta neste momento “um dos melhores desempenhos a nível mundial”, Jorge Monteiro lembrou que, no final de 2014, Portugal posicionou-se entre os três únicos países do mundo que viram o comércio de vinho crescer e desvalorizou o aumento das importações no primeiro trimestre de 2015 (10,6% face a um crescimento de 1,3% nas exportações).

“É um fenómeno do primeiro trimestre que tem a ver, por um lado, com o facto de termos tido vindimas curtas e, por outro, termos uma capacidade de colocação do produto no mercado que está acima da nossa capacidade de produção”, justificou o mesmo responsável, assinalando que Portugal “consome muito” (3.º maior consumidor ‘per capita’ a nível mundial) e “exporta muito” (4.º maior exportador em termos percentuais).

Além disso, há uma “nova componente de negócio”, que consiste em reexportar, com valor acrescentado, vinhos importados a baixo preço, oriundos maioritariamente de Espanha.

No que respeita a tendências, Jorge Monteiro apontou o crescimento “acima da média” de categorias como os espumantes e rosés, a par de “alguma saturação de vinhos varietais” (com predominância de uma única casta), positiva para Portugal que normalmente exporta vinhos ‘blend’ (produzidos a partir de diferentes variedades de uvas).

Em termos de mercados, os Estados Unidos destacam-se como o destino que tem tido um crescimento mais significativo.

“Vamos para o quarto ano consecutivo a crescer a uma taxa interessante. Brevemente, os Estados Unidos poderão vir a ser o primeiro mercado de vinhos portugueses fora da União Europeia”, acredita.

Na edição de 2015 da Vinexpo, que vai ser visitada na terça-feira pelo vice-primeiro-ministro português, Paulo Portas, serão organizadas conferências para aprofundar o conhecimento dos vinhos portugueses, castas e regiões, bem como provas de degustação para promover os vinhos medalhados em concursos internacionais e no Concurso Nacional de Vinhos de Portugal.