Numa carta aberta aos militantes do PS, o candidato presidencial Henrique Neto explica por que razão se afastou do partido. Chama-se José Sócrates. O ex-deputado e agora candidato às presidenciais explica quais são os motivos de desilusão e indignação com o então primeiro-ministro: “autoritarismo, endividamento do Estado para além de toda a prudência, parcerias público-privadas ruinosas, privilégios de setores da economia de bens não transacionáveis à custa do conjunto da economia”.

Sobre Sócrates, lembra que “conduziu o país para a dependência externa, para a estagnação económica e para o empobrecimento das famílias portuguesas, ao mesmo tempo que muita gente enriqueceu sem causa conhecida”.

“Apoiei o Governo do PS tanto quanto as oportunidades me permitiram, até ao momento em que o partido deixou de cumprir as suas promessas eleitorais, se afastou de uma governação consequente com o interesse nacional e passou a navegar à vista sem coerência estratégica, comprometendo com isso o futuro do país”, escreveu no texto divulgado esta segunda-feira, considerando que Sócrates fez “uma gestão aventureira”. E Neto dá exemplos: “Uma das principais críticas feitas aos governos de Cavaco Silva era a da política do betão; ora os nossos governos continuaram essa política de mais auto-estradas, estádios inúteis, Expo, Polis, etc. A especulação imobiliária, com a construção excessiva na periferia das grandes cidades e o abandono dos centros urbanos, levou a que interesses corruptos de promotores imobiliários invadissem as autarquias, por via de decisões e de indecisões que não podiam ter o meu apoio”.

Neto foi ainda contra “a visível promiscuidade entre a política e os negócios, nomeadamente do BES/GES, mas também contra as intervenções feitas no BPN, BPP e PT e contra o uso da Caixa Geral de Depósitos na especulação financeira das empresas do regime”.

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Henrique Neto, que apoiou António José Seguro contra António Costa nas primárias do PS, entendeu fazer esta carta aberta aos militantes socialistas porque, diz, tem sido muitas vezes interrogado sobre as relações com o PS. E diz que as críticas que foi fazendo ao longo dos anos, como ao “negócio pouco claro” da venda da Galp à ENI, foram sempre guiadas pela “defesa coerente e exigente de uma vida melhor e mais digna para todos os portugueses”.

Pode ler a carta na íntegra em documento anexo.

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