“Tem havido uma preocupação com o reforço dos cuidados domiciliários” e essa “deve ser a aposta nos próximos anos”. Foi desta forma que Leal da Costa, o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, reagiu ao cenário negro nos cuidados continuados, traçado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), no Relatório de Primavera 2015, apresentado esta terça-feira.

Leal da Costa sublinhou que abriram mais 38% de camas na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e que há “quase 50% de lugares adicionais” nas equipas de cuidados continuados.

“O número de camas do serviço público tem vindo sempre a aumentar, ao mesmo tempo que as unidades de cuidados na comunidade têm também aumentado. Portanto tem havido uma preocupação com o reforço dos cuidados domiciliários, que deve ser a aposta nos próximos anos.”, rematou o governante.

Os investigadores do OPSS referiram este aumento das camas disponíveis nos cuidados continuados, mas centraram a atenção nas falhas: a rede não chega a dar resposta a 30% das necessidades e estima-se que haja, em Portugal, 110.355 pessoas dependentes no autocuidado no domicílio e, dessas, cerca de 48.500 estarão mesmo acamadas.

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O relatório aponta ainda para outros problemas no acesso aos cuidados de saúde. Mas o secretário de Estado contrapôs, dizendo que o documento peca “por omissão” e assegurou que o acesso ao Serviço Nacional de Saúde não está em risco.

Além do mais, segundo Leal da Costa, “os dados disponíveis não mostram ainda o impacto imediato na saúde dos portugueses durante o período da troika. O período em análise é curto. Ainda não há dados que mostrem um impacto imediato da crise de 2008 a 2014 na saúde dos portugueses”, terminou o governante, que refutou ainda alguns dados avançados pelo OPSS, garantindo que “os médicos não diminuíram” e que as horas de enfermagem produzida até aumentaram.

“A história analisará o nosso trabalho com a imparcialidade que alguns analistas ainda não conseguem ter”, afirmou.