O secretário-geral do PS, António Costa, diz que uma eventual saída da Grécia da zona euro é “um enorme perigo”, e defendeu uma alteração das políticas de austeridade na Europa “a partir de dentro”, “sem roturas”. Numa entrevista publicada este domingo no diário espanhol El País, António Costa afirma, sobre as negociações da Grécia, que “qualquer rotura na zona euro é um enorme perigo“.

A Europa vive uma ameaça interna com o terrorismo, está rodeada de instabilidade na fronteira mediterrânica e no Leste, com a crise da Ucrânia. Necessitamos mais do que nunca de uma Europa forte. E não podemos ignorar o fundamental papel geoestratégico da Grécia. Seria bom que os governos europeus tivessem a mesma perspetiva que o [presidente dos Estados Unidos Barack] Obama tem sobre a gravidade de uma rotura da Grécia, para a Europa e para a comunidade atlântica”, disse o líder do PS.

A entrevista de António Costa ao El País surge na véspera de uma reunião de urgência dos chefes de governo dos países da Zona Euro sobre a questão grega, convocada na quinta-feira pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. Também na segunda-feira, Pedro Passos Coelho e o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, estarão reunidos numa cimeira ibérica em Baiona (Vigo, Espanha).

Costa considerou ainda que “a experiência do Syriza deve servir para [que as pessoas] entendam que os socialistas têm uma posição comum e procuram aliados” para defender “os interesses das economias ibéricas, “mas sem roturas”.

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Questionado sobre se o PS chegou a pedir uma renegociação da dívida caso chegue ao poder, António Costa respondeu negativamente. “Nunca. O partido socialista como tal, nunca. Eu sempre pedi que se rompesse com a austeridade, sem romper com o euro. Defender a alteração da economia europeia a partir de dentro, para favorecer o emprego e por fim à austeridade“, disse o secretário-geral socialista.

Quanto à forma como pensa acabar com a austeridade, Costa apontou o Plano Juncker e uma vitória dos socialistas em Portugal e em Espanha. “Há um processo de mudança na Europa desde as últimas eleições europeias, com uma nova comissão e com o presidente [da Zona Euro] Jean-Claude Juncker a apresentar um novo plano centrado no investimento. Há uma viragem, e uma vitória socialista em Espanha e Portugal ajudariam a impulsionar essa viragem”, salientou.

O secretário-geral do PS realçou ainda que vai manter afastado da campanha socialista o assunto da prisão preventiva de José Sócrates, por indícios de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. “Em Portugal há uma regra fundamental: separação total entre a atividade política e a atividade judicial. Não sei o que farão os nossos rivais, mas nós manteremos as águas separadas”, sublinhou António Costa, que foi ministro da Administração Interna no primeiro governo de José Sócrates.