O livro “Rui Rio: Raízes de Aço”, escrito pelo psiquiatra Carlos Mota Cardoso, e que será apresentado esta terça-feira em Lisboa, pode dar algumas pistas sobre o pensamento e a forma de agir do antigo autarca, mas o facto de a obra ser apresentada por Francisco Pinto Balsemão, fundador do PSD, mostra a envergadura e prestígio que Rui Rio goza no partido. Rio já tentou que não se fale mais sobre uma eventual decisão sobre uma candidatura presidencial, fazendo diminuir a pressão. O autarca só porá fim ao tabu depois das legislativas, mas já há quem condene o ex-presidente da Câmara do Porto por “calculismo”.

Rui Rio não gostou de saber que o seu círculo mais próximo revelou o seu calendário pessoal para os próximos meses, com várias fontes a contarem ao Diário de Notícias que o social-democrata só revelaria a sua decisão de se candidatar ou não a Belém depois das legislativas. Na altura, disse ao jornal que ninguém falava por si, mas o Observador sabe que a decisão do autarca está dependente do resultado das legislativas e que isso deixou contente a direção do PSD que quer as atenções apenas colocadas nas eleições de outubro.

Hugo Soares, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, diz que conhece “o perfil público” do antigo autarca e não considera que Rui Rio tenha de vir a escolher entre Belém e a liderança do partido, admitindo mais certo uma candidatura presidencial. Isto porque o PSD “continuará a ter como líder o primeiro-ministro” e, por isso, “não haverá alterações na liderança”. “Se a intenção for a liderança do partido, poderá ter de esperar vários anos até lá chegar”, conclui o deputado em declarações ao Observador.

Já Luís Rodrigues, antigo deputado do PSD e conselheiro nacional eleito numa lista crítica da atual liderança, considera que a decisão de Rui Rio não deveria ficar dependente do resultado das legislativas mas de uma ponderação pessoal sobre “o melhor papel que podia desempenhar para o futuro do país”, fosse como candidato presidencial ou como candidato à liderança do PSD. “Isso é que é não ser calculista”, disse o antigo deputado ao Observador.

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“Historicamente, o partido sempre contou com Rui Rio”, limita-se a dizer Virgílio Macedo. O líder da distrital do Porto e deputado não diz em que cargo, mas, tal como Soares, sublinha que o partido está “concentrado nas legislativas” e que a coligação vai vencer as eleições “com maioria”.

Na corrida presidencial à direita, Hugo Soares diz que haverá um candidato “num futuro breve”, mas caberá a cada um avançar. Para além de Rui Rio, o deputado considera que Fernando Nogueira seria “um excelente candidato” e que Marcelo Rebelo de Sousa poderia ganhar as eleições com mais facilidade. A preferência de Soares? Recai sobre Fernando Nogueira, embora não adiante, para já, quaisquer detalhes sobre esta possível candidatura – que entretanto já desmentida pelo próprio, embora haja interesse por parte de Passos Coelho que Nogueira se apresente a essas eleições.

Quanto à vida do PSD, os passistas não querem admitir em público cenários de derrota mas em privado aproveitam para lembrar que Passos tem mandato até fevereiro de 2016 e que, se perder as eleições, não tem que se demitir – uma eventual disputa pela liderança do partido não terá que acontecer assim logo a seguir às legislativas. “Depois das eleições, se o PS ganhasse, tinha que haver formação de Governo de coligação, se Costa o conseguir fazer, e há ainda as presidenciais”, explicou ao Observador fonte próxima de Passos.

O primeiro-ministro e líder do PSD já admitiu que não lhe passa pela cabeça demitir-se da liderança do partido em caso de derrota e pelos vistos os passistas aconselham-no a não entregar facilmente o partido.