O conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) reúne-se esta quinta-feira para discutir o rumo da política monetária da zona euro, esperando os analistas contactados pela Lusa que não haja alterações de taxas nem de medidas.

Paula Carvalho, economista do BPI, disse não esperar “nenhuma decisão especial” desta reunião, antecipando que o BCE opte pela “manutenção da atual política e das compras regulares de títulos de dívida pública”.

“O BCE tinha dito que ia manter a sua política até meados de 2016 e esperamos que continue esse percurso até porque não existem – quer na atividade económica, quer na inflação – alterações substanciais que justifiquem uma alteração de rumo”, acrescentou a economista.

No mesmo sentido, Filipe Garcia, da Informação de Mercados Financeiros (IMF), antecipa, por um lado, a “manutenção de taxas de juro” e, por outro lado, “nenhuma alteração em termos de outros instrumentos de política monetária, como por exemplo os montantes de aquisição de títulos de dívida pública”.

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Filipe Garcia diz que é natural que, na conferência de imprensa que se segue à reunião, surjam perguntas sobre o impacto da crise recente em futuras medidas de política monetária, prevendo que a instituição liderada por Mario Draghi responda que “é cedo” para tomar essa decisão e que “está a observar, deixando todos os cenários em aberto, mas referindo que os sinais que vêm da economia são bons”.

Rui Bárbara, do Banco Carregosa, afirmou não estar “à espera de novidades”, admitindo que, “se as houvesse, seria mais no sentido de aumentar o ritmo do programa de compra de ativos, dado o atual momento dos mercados”.

Na última reunião, em julho, o BCE manteve inalterada a sua principal taxa diretora nos 0,05%, o nível mais baixo de sempre e que foi fixado, pela primeira vez, em setembro de 2014. As restantes taxas mantiveram-se igualmente em níveis historicamente baixos: a instituição não mexeu na taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez, que está nos 0,3% desde setembro, nem na taxa de juro de depósitos, que desceu para terreno negativo (-0,2%), pela primeira vez, em junho.

A taxa de facilidade permanente de cedência de liquidez refere-se aos juros que o BCE cobra para emprestar diariamente dinheiro aos bancos, enquanto a taxa de juro de depósitos negativa significa que o BCE está a cobrar aos bancos que depositam dinheiro no banco central.