De ano para ano a Madeira transforma-se. Bastam seis meses sem visitar o Funchal para aterrarmos na ilha e encontrarmos restaurantes novos, mercados modificados, outras lojas ou novas decorações pela cidade. A zona velha, na ponta oeste do Funchal, é um dos exemplos.

Aquele lado da cidade esteve esquecido durante anos, praticamente reservado aos residentes e aos poucos cafés de estrada que por lá (ainda) existem. Nos últimos anos tudo mudou: hoje, a zona velha da cidade está renovada e transformou-se num dos locais mais procurados pelos turistas (e pelos madeirenses, claro).
As ruas estreitas são tapetes de seixos (pequenas pedras redondas apanhadas nas praias), a típica calçada madeirense, e os prédios que as ladeiam pequenos, não mais de três andares. As portas de entrada foram invadidas pela arte de rua, cada uma diferente da outra: há pinturas de imagens, figuras, frases e poemas ou, até, esculpidas e cortadas. O projeto chama-se “Portas Pintadas” e é uma parceria entre artistas residentes na ilha e as entidades oficiais. Muitos prédios devolutos foram entregues ao cuidado de artistas locais que não só fizeram deles os seus espaços (ateliers, teatros, etc), como fizeram chegar a cultura aquela ponta da cidade. Há várias iniciativas e eventos culturais, como exposições, workshops ou performances.

Mas não só: há até quem já conheça aquela zona pelo “bairro alto do Funchal”. Em miniatura, pois. A zona foi reinventada e ali também nasceram novos espaços de restauração, as tascas tradicionais, e bares mais modernos. Tudo aberto noite dentro. Os restaurantes na zona velha merecem uma visita gastronómica: nesta zona, sugerimos o bife de atum com milho frito, ou o peixe-espada com banana. Se estiver mais virado para petiscos, ou quiser uma entrada, votamos nas tradicionais lapas grelhadas com molho de manteiga.

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Tiago Pais

A poncha (bebida típica da Madeira), não para de sair: aconselhamos a de tomate inglês, a de maracujá ou a regional. A única coisa que pedimos, é que não agarre no carro depois. Mas esse não será um problema: na zona velha também há o teleférico que sobe para o Monte, onde aconselhamos uma visita ao Monte Palace, um “jardim museu” de encher o olho e a alma (sim, e o cartão da máquina fotográfica também).

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Há transportes para regressar para o Funchal, mas voltamos a recomendamos voltar de teleférico: são só 15 minutos e a paisagem também merece ser vista em sentido contrário. A menos que tenha vertigens. Já no Funchal, o Mercado dos Lavradores é outro dos locais que não pode faltar na visita de um verdadeiro turista: há legumes, frutas e flores como em mais lado nenhum, e peixes pescados só ali ou no Açores que vale mesmo a pena experimentar (se puder cozinhar durante a estadia, experimente o bodião).

Saindo do Mercado, descemos até à recente promenade (não mais do que cinco minutos), que liga a zona velha da cidade à nova marina da cidade, outro dos locais onde vale a pena parar para descansar um pouco as pernas – a caminhada não é muito longa, mas a desculpa é perfeita para apreciar a calma do lugar e os grandes cruzeiros que costumam atracar na baía.

Depois da paragem e de mais uns passeios no centro da cidade – a praça da Sé e o Largo da Igreja do Colégio são pontos obrigatórios para as célebres fotografias de viagens – o apetite já terá voltado. Na Madeira, também conhecida pela gastronomia, não faltam restaurantes com aromas tentadores. Sugerimos três para comer espetada (bocados de carne de vaca enfiada num espeto, temperada com louro e manteiga), já fora do Funchal, mas de chegada rápida. Todos no Estreito de Câmara de Lobos: A Quinta do Estreito, As Vides e o Santo António. Independentemente da escolha, não se esqueça de pedir milho frito como acompanhamento. Uma salada também vem sempre a calhar.

Para aperitivo ou para digestivo, experimente o vinho Madeira: para bebericar e saborear devagar. Sim, as características do solo da ilha também fazem um vinho que não provará em mais lado nenhum do mundo. E a poncha, claro. Só para quem não está a conduzir, é claro.

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Tiago Pais