Tem o rolo de cozinha na mão e uma panela com água no fogão? Está dado o primeiro passo para se parecer um chef de cozinha. Parecer, sublinhamos, porque tornar-se num é bem mais complicado. Certo é que todos entramos na cozinha, algumas vezes prontos a impressionar os convidados ou, pelo menos, o nosso estômago. E para não fazer má figura nem ficar mal servido, mais vale saber algumas regras que devem ser cumpridas. O El País diz-lhe quais são.

1 – Não deixe todo o tipo de carne mal passada

Há um senso comum na cozinha de qualquer amador que manda grelhar mal todo o tipo de carne. Pensamos que assim os convidados vão apreciar melhor o sabor da comida. Isso é válido para alguns tipos de carne, mas não para todos. A carne de vaca é um bom exemplo de alimento que sabe melhor quando mal passado, mas as carnes de frango e porco devem ser sempre bem cozinhadas.

2 – Os fritos também são boa ideia

O cheiro a coxas de frango fritas pode não ser o aroma mais requintado do mundo, mas isso não significa que elas não sejam saborosas. Entre umas batatas e uma costeleta ou ovo estrelado há sempre comida frita digna de qualquer chef de cozinha. O segredo para evitar que o cheiro dos fritos fique impregnado na roupa é ter um bom sistema de extração de fumos na cozinha. E para que os fritos fiquem mesmo saborosos, a técnica manda estar atento à temperatura do óleo ou azeite.

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3 – Não, não cumprimente os cozinheiros de todos os restaurantes onde passa

A responsabilidade de cozinhar algo para os outros exige uma grande concentração. E ninguém gosta de ser perturbado enquanto está atolado de trabalho num ambiente tão agitado como a cozinha de um restaurante. Por isso, neste caso, deixe de lado as simpatias e não passe da porta da sala de jantar. A melhor maneira de agradecer é apenas voltar ao restaurante.

4 – Não invente muito no menu

Para os verdadeiros especialistas – aqueles chefs de cozinha cheios de estrelas e de nome sonante – é preciso saber brincar com os pratos e sabores. A experiência e o talento permite-lhes até fazer sobremesas com legumes. Mas para si, que está apenas a tentar impressionar a família e subir um pouco o ego, talvez seja mais seguro escolher o menu clássico (entrada, primeiro prato, segundo prato e sobremesa). Os primeiros alimentos a irem para a mesa devem ser menos complexos e com sabores mais naturais. A partir daí pode intensificar as apresentações e ser mais arrojado nas receitas. Só não fuja muito dos manuais.

5 – Aprenda os tempos de cozedura

Porque até os manuais se enganam e as nossas mães sabem bem disso. Sabem todas as características de uma comida bem cozinhada: basta olhar para a parte superior de um bacalhau com natas mais dourado ou para saber se um pedaço de carne estufada continua tenro. Tudo isto para lhe dizer o seguinte: não leve a sério quando um livro de receitas insiste que deixe um peixe 30 minutos no forno. Às vezes não é preciso tanto, às vezes meia hora não chega. Observe e aprenda. As primeiras vezes podem correr mal, mas a tendência é sempre para melhorar.

6 – Fale como se entendesse um pouco de tudo

Imagine que está num jantar com alguém muito entendido em vinhos. Não convém nada quebrar a empatia só porque – verdade seja dita – afinal de contas é um ignorante no que toca ao assunto. Balançar o líquido dentro do copo e olhar para ele como se estivesse realmente a apreciar alguma coisa não basta. O melhor é recorrer às palavras vazias, aos lugares comuns, àquelas frases que significam tudo… e nada. Experimente coisas como “tem um sabor frutado” ou “tem um paladar intenso”. Palavras bonitas. A retórica tem sempre as suas utilidades.

7 – Fale sem palavras. Também vai resultar

O corpo também fala, mesmo sem precisar de abrir a boca e esta é uma boa altura para colocá-lo aos berros. Se tem pouca paciência para falar de vinhos, utilize outras técnicas: semicerre os olhos quando estiver prestes a pôr a colher na boca, finja-se extremamente interessado em provar aquele bife no meio do seu prato. Uma imagem vale mais que mil palavras.

8 – Especialize-se num alimento

Há uma panóplia de hipóteses em cima da mesa, mas não pense que tem de dominar todas as técnicas de cozinha. Todos os chefs têm uma especialidade e o mais comum dos mortais – isto é, um cozinheiro amador – não foge à exceção. Escolha um prato para desenvolver e especialize-se nele. Se isso é pouco para si, suba a parada e escolha um alimento para ir experimentando novas receitas com ele. Toda a gente adora especialistas. Esta é a sua oportunidade.

9 – Saiba como preparar marisco

É uma tema sensível entre os amadores de cozinha. Todos gostam de dominar as ciências por detrás dos camarões e dos lavagantes (mesmo que não seja tão comum quanto isso consumi-los). E como quem conta um conto acrescenta-lhe sempre um ponto, até o marisco está repleto de mitos. Por exemplo, sabe aquela teoria de que se deve cozinhar o marisco sempre vivo para que esteja mais fresco? É mentira, ensina o chef Pepe Solla: os búzios, santolas e as navalhas devem ser mortos antes de entrar na panela.

10 – Evite os alimentos enlatados

O atum em lata e as salsichas servem para usar em casos extremos de fome e preguiça, não para servir aos amigos num jantar. Escolha cozinhar alimentos frescos e evite as comidas pré-feitas. Até porque faz-se sempre melhor figura a servir um peixe no forno do que uma lata de sardinhas.