O ministro das Finanças da China defendeu não ser um bom momento para os Estados Unidos aumentarem as taxas de juro, já que deveriam ajudar a economia mundial a fortalecer-se, numa entrevista publicada esta segunda-feira pelo China Business News.

Lou Jiwei, cujas declarações foram também reproduzidas pelo Diário do Povo, no âmbito da assembleia anual conjunta entre o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM), realizada em Lima, deu a entender que Pequim não vê com bons olhos o impacto que tal medida teria também na China.

“A economia norte-americana tem beneficiado da posição [do dólar] no sistema monetário mundial, e tem-se recuperado relativamente mais rápido”, afirmou Lou Jiwei, advogando que “os Estados Unidos deveriam mostrar mais responsabilidade global e ainda não estão em condições para uma subida das taxas de juro”.

O vice-presidente da Reserva Federal (Fed), Stanley Fischer, afirmou, este domingo, que o banco central norte-americano prevê uma primeira subida das taxas de juro antes do fim do ano, mas afirmou que essa “previsão” não é “uma promessa”.

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Nos últimos meses, a Fed tem dado sinais de que pode subir as taxas de juro antes do final do ano, se a economia norte-americana continuar a dar sinais de robustez. As taxas de juro estão próximas de zero desde a crise financeira de 2008.

Para o ministro das Finanças chinês, os países desenvolvidos deveriam ter um papel mais ativo, liderando o crescimento económico e apoiando as economias em desenvolvimento a levar a cabo os ajustamentos estruturais necessários para crescer, já que a sua lenta recuperação da crise não está a criar procura suficiente para o resto do mundo. Nesse sentido, e tendo em conta que foram efetuados ajustes ao seu modelo económico, a China poderá, segundo o seu ministro das Finanças, continuar a contribuir para a economia mundial.

Lou Jiwei sublinhou, porém, que não será realista esperar que o gigante asiático mantenha o ritmo de crescimento que chegou a registar no passado. O ministro recordou que Pequim tenta transformar a segunda economia mundial, e passar de altamente dependente do investimento estatal a estar mais assente no consumo interno, tendo sido tomadas ações em linha com isso.

Segundo analistas, uma subida das taxas de juro nos Estados Unidos, numa altura em que a China cortou as suas, tomou outras medidas de flexibilização monetária e tem a eocnomia em abrandamento, poderia prejudicar o mercado mundial, em particular as economias emergentes mais vulneráveis. Na China teme-se também que poderia originar saídas de capital e ainda a possibilidade de outros países desvalorizarem a sua moeda para se tornarem mais competitivos.

Em declarações ao jornal South China Morning Post, o professor Cao Yuanzheng, da Escola de Economia da Universidade Popular de Pequim (Renmin), considerou que, na realidade, o impacto de uma subida das taxas de juro na economia chinesa é “imprevisível”.

“É importante estabilizar as expectativas diante da economia mundial, e já que [a subida das taxas de juro] criaria incerteza, [os Estados Unidos] devem atuar com cautela”, afirmou.

Por seu lado, o economista-chefe do Banco de Comunicações da China, Lian Ping, acredita que o impacto da medida está relativamente sob controlo.

Isto apesar de ressalvar que, “a longo prazo, não é bom para os Estados Unidos que as economias emergentes continuem débeis”, atendendo a que, “sem um crescimento são dessas nações, a recuperação da economia norte-americana não durará”.