Qualquer expectativa dos participantes nos mercados financeiros de que poderá haver mais estímulos monetários na zona euro, nos próximos tempos, será provavelmente frustrada. Esta é mensagem transmitida por vários responsáveis do Banco Central Europeu (BCE) à agência Reuters.

“O BCE já fez o seu trabalho. Já fizemos o que havia a fazer e todos esperamos que isso seja suficiente“, afirmou um dos cinco responsáveis com quem falou a Reuters.

Alguns analistas têm admitido que a turbulência nos mercados neste início de ano e a forte quebra dos preços do petróleo poderão levar o BCE a reforçar os estímulos monetários – possivelmente já em março. Mas essas expectativas correm o risco de não serem correspondidas, tal como foram em dezembro quando Mario Draghi anunciou algumas mudanças na política monetária mas foi menos audaz do que alguns analistas antecipavam. Isso fez com que se esfumasse o alívio dos juros da dívida e na cotação do euro que se tinha verificado nas semanas anteriores.

Desta vez, o BCE parece inclinado a não deixar que voltem a formar expectativas que podem não ser correspondidas pelas medidas sobre as quais o Conselho de Governadores do BCE consiga chegar a acordo.

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Nem mesmo se o petróleo continuar a cair (contribuindo para que também a inflação fique cada vez mais abaixo do objetivo do BCE), o banco central poderá manter tudo na mesma. Após a reunião do BCE agendada para março serão divulgadas novas projeções para a economia e para a inflação na zona euro. “Mesmo que as previsões até 2018 fiquem abaixo do objetivo, isso não significa que teremos de agir, tendo em conta a volatilidade do preço do petróleo“, esclareceu o responsável.

“O BCE já fez o que tinha a fazer, isto é, criou uma margem com esta política monetária excecionalmente expansionista”, afirmou uma das cinco fontes ouvidas pela agência. Uma vez existindo essa “margem”, “agora é altura de outros fazerem o seu trabalho: política orçamental, investimentos públicos, reformas estruturais”, acrescentou o responsável, que é presidente de um dos bancos centrais nacionais da zona euro.

Entre os responsáveis ouvidos pela Reuters, um foi mais cauteloso – não descartando mais estímulos. Mas, mesmo que existam, não serão para já. “Julgo que é claro que mais medidas do BCE terão de vir. Mas isso irá depender do impacto das medidas já tomadas e não será algo que se possa concretizar no curto prazo”, garantiu o membro do Conselho de Governadores do BCE.