O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, classificou este sábado, o programa do Governo socialista de “política da fanfarronice” que já foi experimentada e que vai fazer Portugal “andar para trás”. Num encontro com militantes em Bragança, Passos Coelho afirmou que o atual Governo “não está a fazer aquilo que é preciso e que é devido”, observando que “em Portugal não vale a pena fazer” aquilo a que chamou “a política da fanfarrice”.

“Sai-nos muito cara a política da fanfarronice na educação sempre que se quis um sistema mais facilitista e menos exigente, de andar a gastar dinheiro em coisas que não ajudam ao crescimento do país, a ideia de que o que temos é de agradar e distribuir dinheiro quando muitas vezes ficamos muitos anos a pagar esse dinheiro sem que ele possa gerar um emprego sustentável e riqueza”, declarou num discurso dirigido à plateia.

Para Passos Coelho, “tudo o que pareça indicar um regresso a esse modelo é andar para trás”, ressalvando que “não quer dizer que seja andar outra vez com um resgate, mas é andar para trás, não é andar na direção certa”. O líder do PSD defendeu que Portugal precisa de crescer nos próximos anos e, se não há dinheiro, “não vale a pena andar com uma candeia à procura de uma solução mágica”.

A solução que defende é “atrair investimento estrangeiro para Portugal”, sublinhando que “devia haver um consenso transversal a todos os partidos para poder desenvolver uma estratégia nacional de captação de investimento externo”. Ainda assim, Passos Coelho não acredita que esta estratégia seja possível no atual cenário político. “Acham que há algum investimento externo com dimensão que possa vir para um país cujo Governo depende de uma visão comunista ou leninista ou trotskista ou outro ‘ista’ qualquer que esteja instalada a governar?“, questionou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Passos prosseguiu interrogando a plateia sobre se alguém sentiria confiança para dizer aos investidores externos: “venham cá investir, não receiam nos próximos cinco, dez, 15 anos, ninguém lhes vai nacionalizar as suas poupanças, ninguém vai nacionalizar os vossos investimentos, ninguém vai sobrecarregar cada vez com mais impostos aquilo que trouxerem para cá?”

“Acreditam que é possível convencer alguém lá fora a vir investir num país que cada vez mais depende daquilo que decide a CGTP ou o Comité Central do Partido Comunista ou o Bloco de Esquerda? Eu não acredito e creio que a maior parte das pessoas também não”, concluiu.

Passos Coelho afirmou que “só há um partido que tem uma vocação especial para garantir essas reformas e esse partido é o PSD e é, por isso, que se recandidata a presidente do partido, propondo-se concluir “aquilo que deixou a meio”.

Orçamento do Estado “é o fim da ilusão socialista”

Ainda sobre o orçamento, o ex-primeiro-ministro defendeu que “os portugueses não estavam à espera da estratégia” apresentada pelo governo, que entende não ser a correta. Para Passos Coelho, as escolhas socialistas mostram, “em primeiro lugar, um risco de incumprimento que é muito elevado”, facto para o qual já várias entidades nacionais e internacionais já chamaram a atenção.

“Do meu ponto de vista, aquilo que o orçamento traz, e que não é bom, é um grande aumento dos impostos que vão prejudicar sobretudo as empresas, a classe média. A retoma da economia faz-se em nome de não ter um défice maior para poder andar mais depressa na restituição de salários na Administração Pública e para poder fazer várias concessões de reversão de políticas que tinham sido feitas no passado e que tinham uma incidência estrutural sobre a economia”, sustentou.

Para o ex-primeiro-ministro, se hoje o PS “está a arriscar mais, devolvendo mais rapidamente certos rendimentos, é porque vai buscar com a outra mão aos impostos e porque cria riscos”, o que não é maneira de criar confiança e segurança quanto à estratégia de médio prazo”. Passos Coelho reivindicou ainda que muito do que o PS está a fazer se deve ao trabalho feito pelo anterior executivo.

O líder do PSD vincou que, “se fosse primeiro-ministro, não ia deixar de procurar acelerar a remoção de medidas de austeridades para que o país possa viver crescentemente em normalidade, mas não ia fazer um programa demasiado arriscado que pudesse trazer a intranquilidade de tropeçar amanhã e voltar atrás no ano seguinte”. Ainda assim, o presidente do PSD considerou que o Orçamento do Estado para 2016 “é o fim da ilusão socialista porque não é definitivamente aquilo que se tinha comprometido fazer”.