Somam-se os testemunhos e os relatos que ajudam a juntar as peças de como foram vividos os atentados no aeroporto de Zaventem e na estação de metro de Maelbeek, em Bruxelas. Os atentados na capital belga mataram pelo menos 34 pessoas.

“Estava no metro entre as estações de Arts-Loi e Maelbeek, que era uma estação antes daquela onde aparentemente houve uma explosão”, disse Evan Lemos à ABC. “Sentimos uma pequena rajada de vento e ouvimos alguns sons, que aparentemente eram explosões. O metro parou imediatamente, a energia foi desligada, o motor foi desligado. E depois ouvimos um comunicado no intercomunicador a dizer que houve obstruções na linha e que estavam a trabalhar para resolver os problemas. Dois ou três minutos depois, chegou alguém da frente do metro — eu estava na última carruagem –, abriram a porta, tiraram a escada e fizeram-nos sair pelas traseiras do metro. Caminhámos pela linha até à estação Arts-Loi e depois subimos para a rua e evacuámos.”

“Estávamos a fazer escala, vindos de Monrovia com destino a Madrid. Não ouvimos nada, mas vimos as pessoas a correr e evacuaram-nos”, disse ao El País Juanma López, um colaborador do diário espanhol que estava no aeroporto de Bruxelas.

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O El País recolheu ainda outro testemunho, desta feita de um estudante malaio. “Na primeira explosão gozámos, na segunda assustámo-nos”, disse Mohamed Adib.

“Pensei que o dia ia correr normalmente. Entrei no metro e passados dois minutos aconteceu a explosão em Maelbeek”, disse ao Observador João Santiago, um português de 24 anos que trabalha na Université Catholique de Louvain. “Fiz o meu caminho para o trabalho porque é mais seguro. Fecharam-nos aqui e não conseguimos sair. Ninguém sabia o que se estava a passar. Toda a gente ficou um pouco confusa. Nunca tive medo em Bruxelas até hoje. Senti que as coisas estavam muito perto de mim.”

No mesmo artigo, o Observador ouviu outro português. Nuno Bacharel, de 29 anos, que vive em Bruxelas há oito e passou no local dos ataques 15 minutos antes de eles acontecerem. “Desde o Brussels lock down de novembro passado é comum haver militares na rua, no metro e nos sítios com mais afluência de pessoas (centros comerciais, eventos…), mas ninguém estava preparado ou à espera que isto acontecesse”, conta.

E continuou: “A linha de metro não é muito longa. Eu apanho o metro, tal como milhares de pessoas, todos os dias a partir do centro (Saint Catherine) para o meu trabalho (Demey). Passei na estação de metro 15 minutos antes dos ataques. Os ataques foram às 9h11. Um dos meus colegas de trabalho estava dentro do metro. Aqui há dois tipos de metro – os modernos que não têm carruagens (são compostos por uma longa carruagem) e os antigos, que são divididos em carruagens, tal como os de Lisboa. Os ataques ocorreram nos metros antigos, com várias carruagens. Ele estava no metro onde houve a explosão, mas não estava no vagão que explodiu. O que lhe salvou a vida.”

Marc Noel, um sobrevivente do atentado no aeroporto, descreveu o que viveu à ABC. “Primeiro, quando ouvimos uma explosão dessas ficamos atordoados, claro. Muito rápido surge o instinto, saltei para baixo da caixa registadora da loja onde estava, que era precisamente ao lado da zona onde a bomba explodiu. Só não estava no local da bomba porque tinha apenas uma parede entre nós. (…) Vi o tecto a abater.”

E acrescenta: “Não era uma explosão normal, foi enorme. Vi roupa no chão e outras coisas. É simplesmente uma experiência terrível.”

“Eu estava preso entre duas estações. Havia muito fumo, ouvimos e sentimos a explosão”, disse uma testemunha à CNN. “Sentimos todos o vento forte no metro, depois ouvimos algum barulho. Abriram a porta traseira, fomos muito organizados, as coisas correram bem.”

Ao Guardian, Alexandre Brans, de 32 anos, revelou enquanto limpava o sangue da face que havia muitas pessoas no metro. “O metro estava a sair da estação de Maelbeek para Schuman quando houve uma grande explosão. Havia pânico por todo o lado, estava muita gente no metro.”

Aos microfones da SIC, um casal contou também a sua experiência. “Parecia mesmo uma explosão, já presenciei outras. Senti a explosão, senti uma sensação no corpo. Houve um instinto para fugir. Havia pessoas a correr na nossa direção…”

O Observador foi reunindo alguns testemunhos no liveblog que está aberto desde a manhã (ver aqui):

“Todos os passageiros foram retirados das salas de embarque e levados para as pistas onde tinham autocarros à espera. Tudo decorreu com bastante calma. Estamos todos neste momento à espera de entrar nesses transportes.”

“Saímos da estação em direção ao centro cerca das 9h07 (8h07 de Portugal) quando senti uma explosão que parecia vir de outra linha. As luzes apagaram-se, houve um curto momento de pânico face ao que sabíamos que se tinha passado em Zaventem. Forçámos as portas do metro e descemos para as linhas. Havia imenso fumo. Saímos pela estação de Maelbeek. As portas de vidro estavam estilhaçadas. A explosão deve ter sido violenta”.