Com novas eleições convocadas para 26 de julho em Espanha, os líderes dos principais partidos já começam a mover peças no complicado tabuleiro político do país. Este domingo, foi a vez de Pablo Iglesias, líder do Podemos, fazer uma nova oferta a Pedro Sánchez, líder do PSOE: se o Podemos não conseguir a maioria necessária para governar mas obtiver mais votos que os socialistas, Iglesias aceita fazer parte de um eventual Governo liderado por Sánchez. A oferta foi realizada este domingo, durante um evento comemorativo do 1º de Maio, em Ciudad Real.

Em entrevista aos meios de comunicação social, Iglesias reconheceu a necessidade de “baixar o tom” nas negociações com Pedro Sánchez.

O nosso objetivo é governar, e para governar vamos estender a mão ao PSOE. O fundamental é que haja um Governo progressista em Espanha e o meu papel é que isto seja possível. O meu papel é ser um instrumento a mais”, explicou, citado pelo jornal El País.

O líder do PSOE assegurou que não vê o PSOE como “um adversário, mas como um aliado”. “Caso ganhemos as eleições, não lhes vamos pedir que nos apoiem de fora, mas que estejam dentro do Governo como um aliado”, disse.

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Iglesias explicou aos jornalistas que partilha com os socialistas o desejo de derrubar a reforma laboral realizada por Mariano Rajoy, mas também quer derrubar a reforma laboral feita por José Luis Rodríguez Zapatero, do PSOE, em 2010. “É necessário um Governo que revogue as duas reformas laborais”, defendeu.

Sánchez: “Estava muito próximo do Governo”

Leader of the Socialist Party (PSOE) Pedro Sanchez speaks to media before the traditional May Day rally in Madrid on May 1, 2016. / AFP / PIERRE-PHILIPPE MARCOU (Photo credit should read PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP/Getty Images)

Pedro Sánchez culpa Pablo Iglesias e Mariano Rajoy pelo fracasso nas negociações para formar Governo.

A oferta de Iglesias coincide com uma entrevista de Pedro Sánchez ao jornal El Mundo, publicada este domingo, em que afirma que “estava muito próximo do Governo” durante o debate de investidura, após conseguir o apoio do partido Ciudadanos, mas que a “ala dura” do Podemos travou as negociações.

“Houve um debate com o Podemos depois da investidura e até a sua crise, com a destituição fulminante de Sergio Pascual como secretário de Organização. Então venceu a ala dura representada por Iglesias e Juan Carlos Monedero que afastou a mais moderada de Íñigo Errejón”.

Para Sánchez, o líder do Podemos não representa os eleitores do partido. “Queriam tirar Rajoy para mudar as suas políticas, enfrentar a desigualdade, a precariedade e a corrupção que protagoniza em primeira pessoa o PP. Infelizmente, Iglesias bloqueou a mudança. Rajoy e Iglesias não entenderam a mensagem dos eleitores, nem assumiram o resultado, por isso fizeram todo o possível para repetir as eleições.”

O líder do PSOE reconhece que “sempre quis um acordo com o Podemos”, mas encontrou “muitas desculpas” da parte de Iglesias para fechar as negociações, que preferiu negociar em termos de “lugares no Governo” e não de “políticas”.

O argumento de Iglesias para entrar no Governo foi dizer que não confiava em mim. E uma cooperação deve ser feita a partir da honestidade e confiança. Com [Albert] Rivera [líder do partido Ciudadanos], foi mais fácil falar das soluções e não dos lugares. Mas com Iglesias encontrei o contrário, porque antepôs os lugares às soluções.”

Sánchez também descarta uma grande coligação com o PP. “Não é a solução. Respeito profundamente os votantes do PP, uma organização fundamente no nosso sistema político, mas devem renovar a sua liderança passando à oposição. O PSOE e o PP são dois projetos antagónicos na forma e no conteúdo”, defendeu.