Com a convenção do Partido Republicano que deverá confirmar Donald Trump como candidato republicano às eleições de novembro já marcada por uma polémica devido ao discurso de Melania Trump — demasiado parecido ao de Michelle Obama em 2008 –, a BBC reuniu alguns dos melhores, mais polémicos e mais extraordinários momentos das convenções partidários dos Estados Unidos.
Clint Eastwood e a cadeira vazia
Na convenção republicana de 2012, que confirmou a nomeação de Mitt Romney como candidato do partido, o ator Clint Eastwood conversou durante cerca de dez minutos com uma cadeira vazia.
Na cadeira, o ator imaginou Barack Obama e fez duras críticas ao presidente que acabaria por ser reeleito.
Durante o discurso, que fez como convidado surpresa, Clint Eastwood utilizou o humor para se referir a temas polémicos como a guerra no Afeganistão, acusando Obama de não cumprir as promessas que fez.
O discurso do ator foi extremamente criticado nas redes sociais, apesar de ter sido bastante bem recebido pelos republicanos que se encontravam na convenção.
1968: Protestos contra a guerra em Chicago
O ano de 1968 ficou marcado pelo assassinato de Martin Luther King Jr. e pelos protestos contra a guerra e a favor dos direitos humanos. Kenneth C. David, um especialista em história dos EUA, explicou à BBC que esse “foi um ano de profundas divisões por questões raciais e pela guerra do Vietname”.
A convenção do Partido Democrata foi “atacada por quem protestava conta a guerra”, e houve “distúrbios nas ruas de Chicago”, incluindo no próprio lugar da convenção. “Foi a mais terrível e polémica na história das convenções políticas nos EUA”, explica Kenneth C. David.
Conflitos entre polícia e ativistas passaram em direto na televisão, e os protestos fizeram com que a cidade de Chicago, que recebia várias vezes as convenções dos partidos, deixasse de ser o palco destes eventos. Só novamente em 1996 tornou a haver uma convenção em Chicago – a que consagrou Bill Clinton.
Como Ronald Reagan perdeu uma convenção e se tornou presidente
No ano de 1976, o Partido Republicano tinha como candidatos à nomeação presidencial o então presidente Gerald Ford, e o ex-governador da Califórnia Ronald Reagan. Ford, recorde-se, não tinha sido eleito. Ficou à frente dos EUA depois da renúncia de Richard Nixon.
Na altura da convenção, os candidatos estavam empatados, e as negociações internas do partido aconteciam, sobretudo, nos bastidores.
A votação final deu a vitória a Ford, que convidou Reagan a discursar na convenção para aumentar a coesão interna do partido. Porém, Reagan chegou ao púlpito e apresentou-se como o próximo candidato republicano.
Gerald Ford viria a perder as eleições para o democrata Jimmy Carter. Reagan acabou por se tornar no grande líder dos republicanos e chegou a presidente em 1981.
Como Theodore Roosevelt se tornou presidente por acaso
Há mais de cem anos, em 1900, o presidente William McKinley procurava a reeleição. Na convenção do Partido Republicano, contudo, a questão era outra. “O vice-presidente, Garret Hobart, tinha morrido e a pergunta principal na convenção era quem iria McKinley escolher para seu vice-presidente”, lembra o académico Kenneth C. Davis.
Acabou por ser escolhido Theodor Roosevelt, na altura governador de Nova Iorque. A escolha de Roosevelt poderá ter estado relacionada com as polémicas que o seu reformismo causava em Nova Iorque.
Como McKinley foi assassinado nove meses depois do início do mandato, Roosevelt acabou por assumir a presidência. Tornou-se o mais jovem presidente da história dos EUA. Por acaso.
O lançamento de Obama na convenção de 2004
Em 2004, John Kerry e John Edwards batiam-se pela nomeação do Partido Democrata. O vencedor foi John Kerry, que acabou por ser derrotado pelo reeleito George W. Bush nas urnas.
Mas o grande acontecimento desta convenção foi o lançamento de Barack Obama como jovem sensação da política norte-americana. Na altura em campanha para o Senado, Obama aproveitou a exposição que a convenção lhe deu para fazer um discurso revolucionário, falando da sua história de vida e pedindo a honestidade dos políticos.
“Queria ser um homem duro”, lembrou anos mais tarde Obama. No fim do discurso, recorda a BBC, um repórter da NBC disse: “Acabo de ver o primeiro presidente negro”.