São 55 milhões de euros e 208 edifícios afetados: 105 foram totalmente consumidos pelas chamas, 103 ficaram parcialmente destruídos. É esta a soma de prejuízos divulgada pelo presidente da câmara municipal do Funchal, Paulo Cafôfo, sobre os incêndios que afetam a ilha da Madeira desde segunda-feira à noite.

A autarquia estima que o prejuízo relativo à destruição de propriedades privadas seja de 32 milhões de euros, anunciou o responsável. Relativamente aos equipamentos públicos, como a rede de água, as escarpas, o parque ecológico e o equipamento dos bombeiros, o presidente da câmara da principal cidade do arquipélago fala num prejuízo de 23 milhões de euros.

Paulo Cafôfo adiantou ainda que “50% do parque ecológico da ilha” foi consumido pelas chamas, e que o incêndio se mantém, esta quinta-feira, “com duas frentes ativas”. As duas frentes apresentam, contudo, “muito menor intensidade do que ontem”. O autarca justifica a existência de muito fumo sobre a cidade, esta quinta-feira, com a “descida das temperaturas”, e aconselhou todos os habitantes a “ter cuidados com problemas respiratórios”.

Também nas Serras de Santo António, “que foram fustigadas em 2013 pelas chamas”, as autoridades estão a efetuar ações de prevenção. Os bombeiros continuam a combater um foco de incêndio em São João Latrão, no Funchal, recorrendo a máquinas pesadas para limitar a transposição do fogo para as zonas circundantes, segundo fonte do governo regional. “Estão a ser usadas motosserras para abater algumas árvores, no sentido de criar um caminho para melhor combater o fogo” disse a fonte.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No local permanecem bombeiros que vão despejando água nas zonas circundantes às habitações e também o exército mantém posição no local. O fumo começa a ser uma preocupação, já que, devido à ausência de vento, permanece baixo e intenso.

Entretanto, as atrações turísticas da ilha foram reabertas esta tarde. De acordo com um comunicado da Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura, “já é possível aos turistas usufruir das inúmeras atividades que a Madeira tem para oferecer”.

A soma dos prejuízos supera os 50 milhões de euros e foi este o valor apresentado ao primeiro-ministro, que aterrou no Funchal esta tarde de quinta-feira. António Costa, acompanhado de outros elementos do Governo, está a inteirar-se da situação, anunciou que a ilha será ajudada financeiramente (sem se comprometer com valores) e mostrou-se otimista quando ao futuro: “Houve o fogo, combatemos o fogo, agora há que reconstruir”.

O primeiro-ministro visitou algumas das habitações queimadas, nomeadamente duas casas onde morreram duas idosas (que fazem parte das três mortes que resultaram do incêndio). António Costa salientou que a Madeira “continua a ser um excelente local de destino, onde a vida depois destes dias dramáticos irá retomar a sua normalidade”. O primeiro-ministro destacou também que já se vê “vários turistas a circular no teleférico e a visitarem a ilha. Há muito para reconstruir, mas também já há muito a funcionar”.

Ponto de situação: 3 mortos, mil desalojados, 150 casas destruídas

O incêndio começou a deflagrar na tarde de segunda-feira, nas zonas altas do Funchal. A situação agravou-se na terça-feira à noite, quando o incêndio começou a descer ao centro da cidade, chegando a afetar várias partes do centro histórico.

Na terça-feira, foram confirmadas três mortes, de pessoas que se encontravam em habitações que foram consumidas pelas chamas, na zona da Pena, em Santa Luzia.

O último balanço dava conta de mais de 150 habitações e um hotel destruídos pelo incêndio. Mais de mil pessoas tiveram de ser retiradas das suas habitações e de dois hospitais, tendo sido alojadas temporariamente no RG3 (Regimento de Guarnição n.º3 do Exército). O Governo Regional espera fazer o levantamento total dos danos num prazo de duas semanas, mas Miguel Albuquerque já anunciou que só será financiada a reconstrução de casas que não estivessem abandonadas.

A gravidade do incêndio obrigou ao envio de reforços a partir do continente. A não utilização de meios aéreos, uma das questões mais levantadas pelos madeirenses, tem sido controversa, e o presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, já anunciou que vai pedir um parecer técnico sobre a utilização destes meios na ilha.