O ex-embaixador dos EUA nas Nações Unidas e veterano da diplomacia norte-americana John Bolton escreve num artigo de opinião no Wall Street Journal que os “burocratas” daquela organização “precisam de um chefe, não de um sonhador”, justificando a sua opinião os com vários desafios que António Guterres ali vai encontrar quando assumir o cargo de secretário-geral.

Para Bolton, Guterres terá de “reconhecer que deve a sua nomeação aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança” e conformar-se com o poder que aqueles países (França, Reino Unido, EUA, China e Rússia) têm dentro da estrutura, funcionamento e tomada de decisões na ONU. “Embora haja outros países poderosos e emergentes nas Nações Unidas, a não ser que eles convençam um ou mais dos cinco membros permanentes para se virarem contra a Guterres, eles serão inevitavelmente fatores menores”, escreveu o norte-americano.

“Se Guterres quiser ser o Dag Hammarkjold [secretário-geral da ONU entre 1953 e 1961] deste século, a flutuar sobre o universo mundano dos estados-nação, isso pode valer-lhe pontos entre os iluminados deste mundo, mas vai garantir-lhe poucos feitos”, acrescenta.

Assim, o diplomata aconselha Guterres a concentrar-se sobretudo em arrumar a casa da ONU. “Guterres será mais produtivo se se concentrar no seu território limitado”, escreve, elencando aqui desafios como a redução da burocracia dentro a organização e uma reforma das forças de manutenção da paz, que neste momento se distribuem em 16 operações (com 119 mil indivíduos destacados e um 7,14 mil milhões de euros de orçamento anual). “As alegações de abuso sexual por soldados, o surto de cólera no Haiti e a má gestão estão a prejudicar as forças de manutenção das Nações Unidas, cuja aura de perfeição tem caído desde que venceram o prémio Nobel da Paz em 1988”, lê-se no texto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR