Depois de Luanda se ter manifestado reticente face à visita dos chefes de Estado e de Governo de Portugal, devido ao processo judicial em que o vice-presidente angola Manuel Vicente foi acusado pelas autoridades portuguesas de corrupção e branqueamento de capitais, afinal o encontro pode mesmo acontecer. Segundo o jornal Expresso, o embaixador de Angola em Lisboa foi chamado a Luanda para receber instruções sobre o novo alinhamento da visita do primeiro-ministro português.

Segundo aquele jornal, o presidente angolano José Eduardo dos Santos mostrou-se disponível para receber António Costa depois de as autoridades angolanas terem reconhecido como incontornável a tramitação normal do processo relativo a Manuel Vicente pela justiça portuguesa. “Quebra o gelo e liberta-se do ónus de vir a ser acusado de constituir o principal obstáculo à normalização das relações entre os dois países”, disse, citado pelo Expresso, um funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros angolano.

Do lado português, a disponibilidade sempre foi total, estando a bola do lado de Luanda. Quando em fevereiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, visitou o país, propôs às autoridades de Luanda cinco datas, abrindo a porta para a possibilidade de o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa visitar igualmente o país. Agora, segundo o Expresso, António Costa diz-se disponível para “ir em qualquer altura”.

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Com este novo desenvolvimento na relação tensa entre Portugal e Angola, os ânimos podem serenar. Os dois países vão mesmo dar seguimento à preparação das visitas, sendo que ambas devem acontecer antes das eleições angolanas, marcadas para agosto. António Costa deverá visitar o país em abril e Marcelo Rebelo de Sousa em junho.

Em fevereiro, foi adiada (sem nova marcação de data) a visita a Angola da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, sem que tivesse sido dada, na altura, qualquer explicação pelo executivo angolano. Dias depois, o governo de Luanda classificou como “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram, em meados de fevereiro, a acusação do Ministério Público a Manuel Vicente, tendo sido esse o motivo do adiamento da visita da ministra.

A posição do Governo angolano foi conhecida através de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, que considerou, na altura, a divulgação da acusação como “um sério ataque à República de Angola, suscetível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados”. Depois teste episódio, também as visitas dos mais altos chefes de Estado e do Governo português ficaram tremidas. A crise diplomática parece agora prestes a ser ultrapassada.

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