Oficialmente, as autoridades portuguesas mantêm o argumento de que os preparativos para a deslocação do primeiro-ministro a Angola estão em curso. Mas essa posição esbarra no (res)sentimento angolano relativamente ao processo em que o vice-presidente Manuel Vicente é acusado de corrupção ativa, branqueamento e falsificação de documento. Não há clima para o encontro, refere a edição desta semana do semanário Expresso.

Ainda esta sexta-feira, questionado sobre o momento político entre Lisboa e Luanda — e depois de se saber que a visita da ministra da Justiça a Angola tinha sido adiada sem nova data –, o ministro dos Negócios Estrangeiros dizia que “Portugal continua a preparar a visita do primeiro-ministro” ao país. Em Luanda, a posição (ainda que não oficial) é outra, avança o Expresso.

Um comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Angola, divulgado ontem, considera que a acusação contra Manuel Vicente, sobre factos que terão sido cometidos quando ainda era presidente da petrolífera Sonangol, constitui um “sério ataque à República de Angola, suscetível de perturbar as relações entre os dois Estados”.

O que levou à acusação de corrupção contra Manuel Vicente?

Na capital angolana, fontes ouvidas pelo Expresso questionam-se sobre se este será o melhor momento para que o chefe do Governo português se desloque à capital do país. Há tensão no ar e as repercussões do processo contra Manuel Vicente podem não ficar por comunicados.

Lisboa continua à espera de uma resposta das autoridades angolanas sobre a realização da visita, mas também já se ponderam as mais-valias de um cenário em que António Costa se encontre com um Governo angolano em plenas funções, eventualmente liderado por João Lourenço (o homem escolhido para suceder a José Eduardo dos Santos). Ou seja, se não fará mais sentido adiar essa deslocação para depois das eleições.

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