As diferenças físicas e intelectuais entre os homens e as mulheres são alvo de várias análises e discussões, há anos. Agora, um novo estudo mostra que as suas diferenças se estendem até ao cérebro. O estudo foi levado a cabo por uma equipa da Universidade de Edimburgo, Escócia, e revela que existem diferenças nos cérebros dos dois sexos: o dos homens é maior, mas o das mulheres é mais desenvolvido em certas zonas ligadas à inteligência, conta a Quartz.

O mesmo estudo mostra que, de facto, existem diferenças na estrutura e no tamanho dos cérebros entre os dois sexos. As mulheres tendem a ter o córtex cerebral mais grosso, que está associado à inteligência, enquanto que o dos homens tende a ser maior, no geral. Estas diferenças ainda não são capazes de provar o porquê da diferença de certos comportamentos entre homens e mulheres, mas pode, no entanto, mostrar o porquê de alguns medicamentos resultarem melhor nos homens e não nas mulheres, ou vice-versa.

Os investigadores analisaram o cérebro de mais de 5.200 participantes, todos com mais de 40 anos – metade homens, metade mulheres. Para a análise, os participantes fizeram uma ressonância magnética capaz de analisar diferentes tipos de tecidos cerebrais, como os neurónios e as suas conexões. Estes dados dão aos cientistas uma imagem completa e detalhada das várias regiões do cérebro.

Depois de analisados os dados, os cientistas descobriram que, em média, o cérebro dos homens é maior – porém, o das mulheres tem sub-regiões do córtex maiores. Esta parte maior está associada à memória, aos sentidos, à aprendizagem e à tomada de decisões. Para além desta informação, percebeu-se ainda que os tamanhos dos cérebros e suas regiões são bem diferentes. O tamanho do cérebro nos homens varia imenso entre si, já o das mulheres tende a ser semelhantes entre elas. Esta investigação foi publicada na BioArXiv no início deste mês.

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Ainda que estas conclusões não sejam novas, a verdade é que os estudos anteriores não tiveram uma amostra tão significativa como esta. Assim sendo, este estudo valida todos os anteriores, que partilham dos mesmos resultados. O facto dos cérebros dos homens variar, entre eles, de forma muito mais significativa do que nas mulheres “encaixa-se numa outra série de evidências que apontam para que os homens sejam mais vulneráveis quer a nível físico como mental”, defendeu Stuart Ritchie, autor do estudo e também psicólogo.

Os autores da investigação, no entanto, salvaguardam a ideia de que os diferentes tamanhos dos cérebros e suas regiões não se têm que traduzir obrigatoriamente em diferenças substâncias de comportamentos, tal como a inteligência. “O nosso estudo mostra apenas as diferenças, mas não podemos ainda dizer quais as suas causas e consequências”, afirmou o mesmo autor. Aliás, diferentes fatores ambientais e sociais, como afirma Ritchie, desempenham papéis importantes quer na forma de pensar e como de agir com os outros.

Ainda assim, o autor acredita que entender melhor estas diferenças pode ajudar a entender a razão de certas doenças afetarem mais os homens e não as mulheres, e ao contrário. Como tal, pode-se também entender quais os melhores tratamentos para ambos os sexos.