O Facebook está a pedir nudes aos utilizadores para combater a pornografia. O que é pedido é que enviem para a empresa fotografias íntimas que tenham eventualmente partilhado com os parceiros ou amigos virtuais. Com isto, a rede social quer impedir que as fotos sejam divulgadas mais tarde sem o consentimento dos visados.

A rede de Mark Zuckerberg pretende marcar as imagens recebidas como uma espécie de impressão digital, com o objetivo de bloquear a divulgação das fotos tanto no Facebook, como também no Instagram e no Messenger. A ideia é o sistema conseguir identificar o material, se algum utilizador tentar partilhá-lo, e impedir que aconteça.

Uma ideia que parece estranha ao início, mas a verdade é que tem um bom fundo: combater a chamada “pornografia de vingança”, que é muito comum nos dias que correm. Este termo é utilizado para definir a partilha de fotos e até mesmo de vídeos íntimos sem o consentimento de quem está a ser exposto. Este fenómeno está, na sua maioria das vezes, associado aos relacionamentos.

Vemos muitos casos em que, talvez, as fotos ou vídeos tenham sido enviados de forma consensual naquele momento, mas em que não houve consentimento para partilhar o material mais amplamente”, disse à ABC Julia Inman Grant, comissária de segurança eletrónica que está a liderar a agência governamental.

Com os seus mil milhões de utilizadores, o Facebook é um espaço onde muitos agressores atuam porque podem maximizar o dano ao transmitir fotos íntimas, de forma não consensual, àqueles que são mais próximos da vítima. E isso é tão impactante”, afirmou Carrie Goldberg, uma advogada especializada em privacidade sexual, baseada em Nova Iorque.

O sistema ainda está a ser testado pela gigante da tecnologia, mas o utilizador que se sentir ameaçado por um ex-namorado, por exemplo, pode pedir para que a rede social marque as fotos íntimas que lhe tenha enviado, de forma a impedir a sua partilha.

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O Facebook está a testar a ferramenta na Austrália, numa parceria com uma agência governamental de modo que quem pretender aderir tem de preencher um formulário no site do governo australiano.

Os utilizadores podem dar detalhes sobre o que os assusta e só depois terão de enviar as fotos pelo Messenger para a empresa, que será notificada pelo Governo. Após esse processo um analista vai marcar o material digitalmente, de forma a que se tornem conteúdos únicos e facilmente identificáveis. O Facebook vai guardar as fotos durante algum tempo, mas mais tarde vai destrui-las.

De acordo com um relatório de 2016 do Data & Society Research Institute, aproximadamente 4% dos internautas nos Estados Unidos da América foram vítimas de “pornografia de vingança”. Uma proporção que aumenta para 10% quando se trata de mulheres menores de 30 anos. Em todo o mundo, muitas mais serão as pessoas que sofrem este tipo de violação da privacidade e intimidade.