Tony Carreira e a editora Companhia Nacional de Música (CNM) chegaram esta segunda-feira a um princípio de acordo no processo de plágio. O acordo, proposto por uma juíza do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, prevê a suspensão provisória do caso durante quatro meses na condição de, no prazo de 60 dias, Tony Carreira entregar 10 mil euros à Câmara Municipal da Pampilhosa da Serra para apoio aos danos causados pelos incêndios e mais 10 mil euros à Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, duas das localidades afetadas pelos incêndios de julho e outubro.

Além disso, o compositor Ricardo Landum, o outro arguido no processo, terá também de pagar, nos 60 dias, 2 mil euros a uma Instituição Particular de Solidariedade Social à sua escolha. Os contornos do acordo foram explicados aos jornalistas por uma funcionária do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, após a audição de Tony Carreira pela juíza, durante a manhã desta segunda-feira.

A funcionária acrescentou que a assistente no processo, a Companhia Nacional de Música, “aceitou verbalmente” o acordo, mas sublinhou que esta tem agora dez dias para, por escrito, assumir esse acordo. Contactada pela Agência Lusa, fonte ligada à defesa da CNM disse que “houve um princípio de acordo”, mas ressalvou os dez dias para se pronunciar, por escrito e em definitivo, sobre a proposta.

Porque é que a Companhia Nacional de Música fez queixa de Tony Carreira?

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Caso o acordo seja fechado nesta fase de instrução, requerida pela defesa de Tony Carreira, e se todas as partes cumprirem as suas obrigações, o caso ficará por aqui e não haverá julgamento.

Decisão da CNM “ficará na consciência” de seu fundador

À saída do Campus da Justiça de Lisboa, Tony Carreira voltou a negar as acusações de plágio e afirmou que a decisão de aceitar ou não o acordo proposto “ficará na consciência” de Nuno Rodrigues, fundador e administrador da editora. Relativamente à doação de 20 mil euros para as vítimas dos incêndios, o cantor disse que já não era a primeira vez que ajudava instituições de caridade. “Já ajudei tantas instituições e, enquanto a vida me sorrir, fá-lo-ei sempre com muito amor.”

Questionado pelos jornalistas sobre os 11 crimes de usurpação de que é acusado, Tony voltou a garantir que “claro que não houve” plágio. “O que havia para resolver ficou resolvido com os devidos autores. Aliás, estive a falar com um deles ontem a noite e, em janeiro, vamos trabalhar juntos“, afirmou o cantor.

Tony Carreira está acusado de 11 crimes de usurpação e de outros tantos de contrafação, enquanto Ricardo Landum, autor de alguns dos maiores êxitos da música ligeira portuguesa, responde por nove crimes de usurpação e por nove crimes de contrafação. Segundo o despacho de acusação do Ministério Público, conhecido em setembro, os dois artistas “arrogaram-se autores de obras alheias”, após modificarem os temas originais. Entre as canções plagiadas contam-se êxitos como “Depois de ti mais nada”, “Sonhos de menino”e “Se acordo e tu não estás eu morro”.

Tony Carreira leiloa primeira guitarra para ajudar vítimas dos incêndios

Na semana passada, o cantor anunciou através das redes sociais que vai realizar um concerto solidário a 23 de dezembro em Pampilhosa da Serra, a sua terra-natal, “como forma de apoiar as vítimas dos incêndios do concelho”. Tony Carreira vai ainda leiloar a primeira guitarra. A receita gerada pelo leilão será depois depositada na conta solidária criada pela Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra.