Em antecipação às duas audições que Mark Zuckerberg vai ter esta semana no congresso americano — no Senado e na Câmara dos Representantes — o Comité para a Energia e Comércio publicou no site oficial o depoimento que o presidente executivo do Facebook vai ler no início da audição. O caso Cambridge Analytica, em que dezenas de milhões de perfis foram utilizados para condicionar resultados eleitorais na Europa e Estados Unidos, e a interferência russa na eleições americanas de 2016, são os dois tópicos a que o criador da maior rede social do mundo vai dar maior enfoque no depoimento.

Comecei o Facebook, dirijo-o, e sou responsável pelo que acontece”, afirma Mark Zuckerberg, presidente executivo do Facebook, no depoimento que vai dizer ao Congresso americano.

Na mesma declaração que vai dizer ao congresso o fundador do Facebook pede, mais uma vez, desculpa. “Não fizemos o suficiente para prevenir que estas ferramentas que criámos fossem utilizadas para prejudicar os outros. Isto significa notícias falsas, interferência estrangeira em eleições e discurso de ódio”, diz Zuckerberg. O responsável máximo da rede social afirma também: “Não percebemos o alcance da nossa responsabilidade e isso foi um grande erro”. E continua: “Foi o meu erro e [por isso] peço desculpa”.

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Quanto à Cambridge Analytica, Zuckerberg vai falar do que já é sabido. Primeiro explicar como é que a aplicação de Alexander Kogan, que fez a app para a Cambridge Analytica, conseguiu aceder aos dados dos perfis dos amigos de quem utilizou a aplicação. Depois, os passos que a empresa está a fazer para evitar que mais empresas possam continuar a fazer o que a Cambrigde Analytica fez. Além da investigação interna que, segundo o Facebook, já está a decorrer, o CEO do Facebook revela também várias medidas já estão a ser implementadas.

Em 2007, lançámos o Facebook Platform com o objetivo de tornas as apps mais socias. O calendário deveria mostrar os aniversários dos amigos e os mapas deviam mostrar onde os amigos vivem”, afirma Zuckerberg sobre, antes de 2014, o Facebook permitir que as aplicações acedessem à informação dos amigos dos utilizadores.

No depoimento, Zuckerberg vai também falar da interferência russa nas eleições americanas de 2016. “Fomos demasiados lentos a detetar e responder à interferência da Rússia e estamos a trabalhar arduamente para melhorar”, diz o documento que vai ser lido pelo fundador do Facebook. O presidente executivo da rede social afirma que cerca de 80 mil publicações foram feitas na rede social pelo Internet Research Agency (IRA), um grupo russo conhecido por publicar notícias falsas na Internet e que, alegadamente, tem ligações ao governo. Durante dois anos, o IRA pagou cerca de 100 mil dólares ao Facebook para publicar mais de três mil anúncios no Facebook e Instagram.

Segundo o mesmo documento, o Facebook tem aplicado medidas para prevenir casos de abusos em eleições. Em 2017, em França, cerca de 30 mil contas foram banidas, afirma Zuckerberg e, no mesmo ano, a rede social trabalhou com as autoridades eleitorais alemãs para prevenir ameaças.

Zuckerberg avança também que o Facebook vai passar a autenticar todas as entidades que queiram fazer anúncios políticos. No seguimento desta medida, todos os anúncios políticos vão mostrar quem os pagou. A medida vai arrancar nos Estados Unidos, mas vai ser aplicada em todo o mundo. “Não vamos esperar por legislação para atuar”, afirma Zuckerberg.

Pode ler aqui (inglês) o depoimento que Mark Zuckerberg vai ler esta quarta-feira no congresso americano.