Quatro universidades em França, entre as quais a de Sorbonne, em Paris, símbolo da contestação estudantil em maio de 1968, foram esta sexta-feira bloqueadas ou encerradas após a retirada de manifestantes, sem que tenham havido confrontações.
De acordo com o Ministério do Ensino Superior, além das paralisações nas quatro universidades, num universo de quase 70 em todo o país, registaram-se perturbações, em alguns casos bloqueios e ocupações, em uma dezena de um total de 400 instalações universitárias.
Num edifício universitário em Lyon, no leste de França, bloqueado na quinta-feira, as pessoas que protestavam foram retiradas neste dia de forma ordeira. Nos últimos dias, outras áreas universitárias foram evacuadas, entre as quais a de Nanterre, perto da capital francesa, de onde partiu o grande movimento estudantil há quase 70 anos. No dia seguinte, foi aberta, após uma intervenção “musculada” dos ocupantes, antes de ser novamente bloqueada.
“Vamos continuar aqui porque queremos que o Governo nos ouça. As pessoas estão em cólera, vê-se por todo o lado”, declarou à France-Presse uma estudante, sitiada há uma semana numa universidade em Tolbiac, em Paris. Os protestos são contra a reforma do acesso ao ensino superior e o Presidente da França, Emmanuel Macron, designou os grupos que protestam de “agitadores profissionais, profissionais da desordem”.
O presidente da universidade de Paris-Descartes, Frédéric Dardel, considerou que chamar a polícia para a desmobilizar os manifestantes “é uma decisão difícil” para os responsáveis máximos das universidades, que têm de zelar pela segurança, do pessoal e dos estudantes.
O presidente de Paris-1, Georges Haddad, justificou o seu recurso às forças de segurança com a “gravidade da violência” destes dias: lançamento de projéteis contra os ocupantes por jovens com capacete e munidos de tacos de basebol, além da descoberta de ‘cocktails Molotov’ dentro de instalações.
Os protestos lançam alguma incerteza sobre os próximos exames de fim de ano, embora o presidente Macron tenha já alertado que não haverá regime especial por causa de distúrbios. “Estudantes, se quiserem fazer os exames no final do ano, é melhor estudarem, porque não haverá exames de chocolate na República”, disse, em declarações exibidas na televisão.
A ministra do Ensino Superior, Frédérique Vidal, afirmou que “os presidentes [das universidades] têm um trabalho extremamente difícil” e “estão sob uma pressão extrema”. Nas últimas semanas, a França tem registado uma crescente crispação social, com greves nos setores dos transportes (pilotos da Air France e trabalhadores da empresa ferroviária francesa, SNCF) e de outros, como o energético.