O primeiro dos três dias de greve dos médicos registou uma adesão próxima dos 85% nos cuidados de saúde primários e de quase 95% nos blocos operatórios, segundo os “resultados consolidados” revelados pelos dois sindicatos que a convocaram. Numa conferência de imprensa esta tarde, Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e Sindicato Independente dos Médicos (SIM), disseram que disponíveis só estiveram os blocos de oncologia e os serviços de urgência, e adiantaram que em alguns casos a adesão não foi maior para não prejudicar os doentes.

Nos hospitais, disse Jorge Paulo Roque da Cunha, secretário geral do SIM, houve um esforço de compreensão e de “mitigar a situação”, em relação a pessoas que estavam por exemplo há dois anos à espera de uma consulta, “por responsabilidade do Governo”. O responsável voltou a lembrar as reivindicações dos médicos e apelou para a continuação da adesão à greve nos próximos dois dias, ainda que sabendo que há custos para os utentes, embora estes entendam que a greve é “para o bem do Serviço Nacional de Saúde” (SNS).

João Proença, presidente da FNAM, disse que em relação a greves dos médicos anteriores a desta terça-feira (a terceira em dois anos) teve uma adesão “muito maior”, e acrescentou que se o Governo não entender a situação vai “acabar com o SNS”. “Nunca houve uma carga fiscal tão grande como agora nem uma divida pública, e não foi à custa da Saúde”, disse Roque da Cunha, apelando ao ministro da Saúde e ao ministro das Finanças para que se sentem com os sindicatos. “Têm medo de quê?”, questionou.

O responsável disse que não compete aos sindicatos pedir a demissão do ministro da Saúde e disse que SIM e FNAM vão esperar que o primeiro-ministro perceba que “também tem que se meter neste assunto”. E apelou ainda aos partidos representados no parlamento para que “não se ponham com jogos políticos” porque “o que se vive hoje no SNS necessita de uma atitude patriótica”.

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Os médicos iniciaram esta terça-feira três dias de greve nacional, uma paralisação que os sindicatos consideram ser pela “defesa do Serviço Nacional de Saúde”. A reivindicação essencial para esta greve de três dias é “a defesa do SNS” e o respeito pela dignidade da profissão médica, segundo os dois sindicatos que convocaram a paralisação.

Em termos concretos, os sindicatos querem uma redução do trabalho suplementar de 200 para 150 horas anuais, uma diminuição progressiva até 12 horas semanais de trabalho em urgência e uma diminuição gradual das listas de utentes dos médicos de família até 1.500 utentes, quando atualmente são de cerca de 1.900 doentes.

Entre os motivos da greve estão ainda a revisão das carreiras médicas e respetivas grelhas salariais, o descongelamento da progressão da carreira médica e a criação de um estatuto profissional de desgaste rápido e de risco e penosidade acrescidos, com a diminuição da idade da reforma. A paralisação nacional de três dias, que termina às 24:00 de quinta-feira, deve afetar sobretudo consultas e cirurgias programadas, estando contudo garantidos serviços mínimos, como as urgências, tratamentos de quimioterapia, radioterapia, transplante, diálise, imuno-hemoterapia, ou cuidados paliativos em internamento.