Num casamento real, se “a mais pequena das coisas” der errado “vai ser visto como um desastre”. Por esta razão, logo após o anúncio do noivado do príncipe Harry com Meghan Markle, em novembro de 2017, a segurança foi um dos aspetos que começou a ser pensado. Se um casamento dito normal já é difícil de planear, a verdade é que quando são esperados 600 convidados – aos quais se juntam mais de 1.200 membros do público –, 5.000 jornalistas e mais de 100 mil visitantes para assistir à cerimónia real, não há mãos a medir.

Windsor, a pequena cidade histórica onde se vai celebrar o casamento da futura duquesa de Sussex e do príncipe Harry, tem de estar pronta para enfrentar todos os desafios que possam aparecer naquele dia. A força de segurança local, a polícia Thames Valley, descreve a operação que está a ser montada como “uma das maiores da história”.

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Com todos estes pormenores em conta, meses antes do casamento, a polícia começou a aplicar algumas medidas de segurança e a Polícia Nacional chegou mesmo a dizer que nos próximos tempos, “residentes, empresas locais e visitantes podem esperar um aumento da presença policial, com agentes armados e desarmados, cães de busca, unidade de policiamento de estradas e Força Aérea Nacional” em Windsor.

Por exemplo, os carros que agora chegam à cidade têm à sua espera tecnologia de reconhecimento automático de matrículas, algo que antes não acontecia. Esta sexta-feira e no sábado, 19 de maio, as medidas de segurança vão ser ainda mais apertadas: as estradas que vão dar ao centro de Windsor vão ser fechadas ao trânsito e, no dia da cerimónia, os agentes estarão espalhados pelas ruas da cidade, de forma a garantir que o casamento de Meghan e Harry vai decorrer como num verdadeiro conto de fadas. Segundo a NBC News, esperam-se 3.000 agentes nas ruas de Windsor, com a prioridade de acautelar situações de terrorismo, atos de fanatismo, protestos do público e crimes de ocasião, como é o caso dos roubos por carteiristas.

Mas afinal como vai ser garantida a segurança dos noivos, dos convidados, e do público que vai estar de olhos postos no casamento do ano? Tanto no Castelo de Windsor, bem como na Capela de St. George, a segurança será apertada, aliás, por estes dias a movimentação das forças policiais no local é bem visível e nas últimas semanas foram montadas barreiras terrestres num perímetro de segurança alargado com vários postos de controlo, escreve também a NBC. O britânico The Sun refere mesmo que foram gastas 30.000 libras (34.360 euros) em barreiras de aço para isolar o recinto do casamento e as ruas circundantes.

O Ministério da Defesa anunciou que mais de 250 membros das Forças Armadas vão participar nas cerimónias do casamento e que as unidades e regimentos selecionados “têm uma relação especial com Harry”. Entre eles estão o corpo das Forças Armadas, a unidade militar Royal Gurkha Rifles, as tropas de infantaria de elite do Exército — Irish Guards –, e o Regimento da Cavalaria, que, aliás, na quinta-feira estiveram presentes para o ensaio do casamento real.

Percurso até ao Castelo de Windsor

Como já vem sendo tradição, o par romântico não vai passar a noite anterior ao casamento no mesmo local: vão dormir em hotéis distintos antes de finalmente darem o nó. Meghan vai ficar com a mãe no Cliveden House Hotel, a cerca de 15 quilómetros de Windsor, enquanto Harry vai pernoitar no Coworth Park, em Ascot, com o irmão e padrinho, o príncipe William. No dia do enlace, a família real e Meghan Markle deverão deslocar-se até à capela de St. George ao mesmo tempo, enquanto Harry e William vão a pé até ao local. A hora prevista para que a família real e os noivos cheguem ao Castelo de Windsor é às 11h20. E, como manda o protocolo, a Rainha Isabel II será a última a chegar.

No percurso até ao local da cerimónia, os membros da família real estarão protegidos por várias forças de segurança, entre as quais uma unidade de forças especiais do exército britânico — especializada, entre outras coisas, em situações de terrorismo –, o Comando de Proteção Real, a Unidade de Operações Especiais da Polícia de South Wales e a Polícia Thames Valley. O espaço aéreo na zona do Castelo de Windsor encontrar-se-á restrito, pelo que não será permitido que aviões ou drones sobrevoem aquela área.

Cortejo depois da cerimónia: a maior dor de cabeça

Depois da cerimónia, está previsto que os noivos façam um cortejo pelas ruas de Windsor, numa carruagem Ascot-Landau, para “partilhar com o público” a felicidade do casamento, tal como anunciou o Palácio de Kensington através do Twitter oficial.

Sem dúvida que este vai ser um dos momentos mais preocupantes para os agentes de segurança, uma vez que, e segundo o ex-comandante da Polícia Metropolitana de Londres, Robert Broadhurst — que coordenou as operações de segurança no casamento de William e Kate, em 2011, e nos Jogos Olímpicos de 2012, em Londres –, “a carruagem tem várias centenas de anos, está desprotegida, não é à prova de bala, nem à prova de estilhaços, não é à prova de nada“.

De acordo com Bradhurst, durante os 25 minutos de cortejo – que inclui uma passagem por Castle Hill, High Street, Sheet Street, Kings Road, Albert Road, Long Walk e finalmente o Castelo de Windsor – os noivos estarão “mais vulneráveis” precisamente devido ao facto de a carruagem em que vão ser transportados não ser coberta. “Este será o momento em que o comandante vai suster a respiração por um tempo”, disse o ex-comandante, pelo que vai haver snipers em vários pontos estratégicos da cidade e centenas de polícias à paisana para qualquer eventualidade, à semelhança do que aconteceu no casamento dos duques de Cambridge. A carruagem vai ser escoltada por membros do Regimento da Cavalaria. Depois da passagem pelas seis ruas de Windsor, os noivos voltam à Capela de St. George para uma receção aos convidados.

Mais de 100 mil de pessoas nas ruas

Os convidados, bem como os espectadores que chegarem a Windsor para assistir ao casamento real vão ser revistados pelas autoridades. Para este dia está previsto um reforço ferroviário – comboios extra e serviços mais frequentes –, motivo suficiente para que a polícia britânica especializada em garantir a segurança no setor ferroviário esteja em força nas estações de comboios, onde “quaisquer objetos que possam representar perigo” vão ser confiscados. As autoridades, contudo, afirmam que “o público deve ficar tranquilo e não alarmado, porque tudo faz parte das medidas de segurança para manter as pessoas a salvo”. Com mais de 100 mil pessoas a encherem as ruas de Windsor, as forças de segurança não podem vacilar: para as autoridades todos podem representar perigo.

Se qualquer um pode ser “um obcecado pela família real”, para a polícia também qualquer um pode ser “um potencial terrorista”, razão pela qual esta operação é “muito mais que um desafio”, diz o ex-comandante Bradhurst. De acordo com a Reuters, a Grã-Bretanha está classificada com um nível de ameaça elevado, pelo que os ataques são uma possibilidade altamente considerada pelas autoridades – só em 2017, houve cinco situações classificadas como terrorismo, nas quais morreram 36 pessoas, três das quais envolveram veículos a serem conduzidos contra multidões e duas envolveram assaltantes com facas. “Não é preciso passar meses a construir bombas sofisticadas ou outras armas. Só precisa de uma faca ou de um carro alugado”, sublinhou Broadhurst, que, apesar de tudo, duvida de que algo aconteça.

Citado pela CBS, Dai Davis, antigo responsável pela proteção real, refere Windsor como um pesadelo em termos de segurança. “É um inferno de trabalho. Tem ruas estreitas, divididas em bocados. Como é que se garante a segurança em tantos quilómetros de uma pequena cidade e em zonas abertas e verdes?”, concluiu.

As patrulhas de segurança antes do casamento

A polícia tem estado a patrulhar a cidade de Windsor. Em comunicado, o inspetor Andy Amor, que tem estado a coordenar as operações no local, disse que os agentes têm respondido às dúvidas e inseguranças do público que já se encontra nas ruas da cidade e que “as patrulhas fazem parte das medidas de segurança”.

Nos últimos dias, as autoridades percorreram as ruas com cães de busca, que farejaram as caixas de correio e até mesmo os esgotos. Mas há mais: os caixotes do lixo espalhados pela cidade foram também substituídos por sacos de lixo transparentes, para facilitar o trabalho das autoridades, e a zona junto ao rio Tamisa foi passada “a pente fino” para garantir que todas as áreas da cidade estão livres de qualquer perigo.

Com “uma das maiores” operações da história em mãos, a Polícia Thames Valley garantiu que é “experiente na condução de eventos de grande escala” e mostrou-se orgulhosa por fazer parte da equipa de segurança que vai atuar no dia do casamento real. A verdade é que o príncipe Harry é particularmente vulnerável devido ao serviço militar ativo no Afeganistão e este é um dos aspetos que preocupa as autoridades, bem como o facto de Meghan e Harry terem recebido uma carta com pó branco e uma nota racista que a polícia britânica classificou como “crime de ódio”.

Carta com pó branco enviada para príncipe Harry e Meghan Markle

Em 2011, no casamento de William e Kate, o reforço de segurança custou aos cofres britânicos cerca de 7.20 milhões de euros e, apesar de o casamento do irmão mais novo do duque de Cambridge ser menor, os custos com a segurança devem rondar o mesmo valor, porque a polícia tem de mobilizar para Windsor milhares de agentes que possam garantir a segurança não só da família real e dos convidados, como também das milhares de pessoas que ali se vão deslocar para assistir ao casamento real. Percorra a fotogaleria para ver a preparação das forças de segurança para o casamento de Meghan e Harry nas ruas de Windsor.